Triagem de patógenos em usuários de drogas ilícitas no município paraense de Bragança, norte do Brasil
FRANCISCO JUNIOR ALVES DOS SANTOS1, FABRICIO QUARESMA SILVA1, ANDREIA PEREIRA ANDRADE1, JOSEANE RODRIGUES DA SILVA1, BENEDIKT FISHER1, JOSÉ ALEXANDRE RODRIGUES LEMOS1, ALDEMIR BRANCO DE OLIVEIRA FILHO1
1. UFPA, BRAGANÇA - Universidade Federal de Pará, Instituto de Estudos Costeiros, 2. UFPA, NÚCLEO DE MEDICINA TROPICAL - Universidade Federal do Pará, Núcleo de Medicina Tropical, 3. U OF T - University of Toronto, 4. UFPA, INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
joseanesilva@ufpa.br

Introdução. Uso de drogas psicotrópicas e infecções por patógenos distintos estão entre os maiores problemas de saúde no mundo. Todos os usuários de drogas ilícitas (UD), em especial usuários de drogas injetáveis, apresentam elevado risco de infecção por pelo menos quatro vírus: vírus da hepatite B (HBV), vírus da hepatite C (HCV), vírus da imunodeficiência humana (HIV) e vírus linfotrópico de células T humana 1 e 2 (HTLV-1/2). No norte do Brasil, há relatos da circulação desses quatro vírus em populações distintas. Porém, ainda há uma escassez de estudos epidemiológicos em populações vulneráveis. Objetivos. Determinar a prevalência de infecções e de coinfecções pelo HBV, HCV, HIV e HTLV-1/2 em UD no município paraense de Bragança, norte do Brasil. Métodos. Um estudo transversal realizado no município de Bragança (PA) abordou 149 UD por meio da técnica bola de neve. Todos os UD forneceram amostras biológicas e informações epidemiológicas no período de agosto de 2016 a dezembro de 2017. O diagnóstico das infecções virais foram feitas por ensaio imunoenzimático e reação em cadeia pela polimerase (PCR) em tempo real. Resultados. A maioria dos usuários pertencia ao sexo masculino, relatou ser solteiro, informou ser heterossexual, se declarou negro/pardo, reduzida escolaridade e relatou ter obtido recurso financeiro nos últimos 12 meses por meio de trabalho informal. A idade média foi em torno de 25,5 anos (18 - 49 anos). As drogas mais utilizadas foram: crack/oxi e maconha + pasta de cocaína. No total, 16 (10,7%) UD foram expostos ao HBV (5 Anti-HBc, 2 HBsAg + Anti-HBc, 3 Anti-HBc + Anti-HBs), 10 (6,7%) UD tinham anticorpos anti-HCV, 13 (8,7%) UD tinham anticorpos anti- HIV-1/2 e 5 (3,4%) UD apresentaram anticorpos anti-HTLV-1/2. A maioria dos UD também apresentaram ácidos nucleicos virais (5 HBV-DNA, 8 RNA-HCV, 11 RNA-HIV, 2 HTLV-1 e 2 HTLV-2) e confirmaram o estado de portadores desses patógenos. Três casos de co-infecções foram detectados (1 HBV-HIV e 2 HCV-HIV). Conclusão. Em suma, as prevalências de patógenos em UD no município paraense de Bragança foram elevadas e indicam a necessidade de medidas de controle e de prevenção, assim como estratégias e ações para promoção da saúde de UD.



Palavras-chaves:  Epidemiologia, Patógenos, Usuários de drogas