ANÁLISE MALACOLÓGICA DE CARAMUJOS DO GÊNERO BIOMPHALARIA NA ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS, NO PERÍODO DE 2017
MÁRCIA BEATRIZ CARDOSO DE PAULA 1, ADALBERTO DE ALBUQUERQUE PAJUABA NETO1, JULIANA JUNQUEIRA DA SILVA1, JOSÉ HUMBERTO ARRUDA1, FELIPE CUNHA1, DIOGO ALVES OLIVEIRA1, ALESSANDRO AMBRÓSIO DOS REIS1
1. PMU - PREFEITURA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA
mbecpaula@yahoo.com.br

 

A esquistossomose mansoni, uma das zoonoses mais disseminadas no mundo, tem a maior prevalência entre doenças veiculadas pela água (Organização Mundial de Saúde), sendo de grande impacto socioeconômico. Causada por vermes do gênero Schistosoma, seus hospedeiros intermediários são caramujos de água doce do gênero Biomphalaria, encontrados em diferentes coleções hídricas aderidos à vegetação, às rochas, às margens do criadouro ou enterrados no fundo do corpo d’água. Em 2011 , o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Uberlândia iniciou estudos preliminares, inquéritos malacológicos por amostragem e análise epidemiológica da doença. Em 2017, estabeleceu-se o sistema de vigilância epidemiológica através do Programa de Controle de Esquistossomose. O objetivo desse trabalho foi avaliar a presença de Biomphalaria na área urbana de Uberlândia-MG, por meio do levantamento malacológico em 16 coleções hídricas, entre os meses de abril e outubro de 2017. A captura dos moluscos foi realizada nos córregos, em pontos localizados a cada 50 metros de distância com uma concha de captura, raspando-se a vegetação submersa localizada às margens e no fundo dos criadouros. Os moluscos vivos foram identificados no Laboratório de Entomologia do CCZ. Parte do material foi enviada ao Laboratório de Helmintologia e Malacologia Médica do Centro de Pesquisas René Rachou para exame de infecção por S. mansoni e confirmação da identificação. Foram coletados 1.848 moluscos Biomphalaria . Destes, 1.706 (92,32%) eram B. straminea, 86 (4,65%) B. occidentalis, 54 (2,92%) B. kuhniana e um deles (0,05%) B. tenagophila . Nenhum exemplar estava infectado por S. mansoni. Duas das espécies, B. tenagophila e B. straminea , são suscetíveis para o desenvolvimento de S. mansoni e responsáveis por muitos focos no sudeste e no nordeste brasileiro, respectivamente. Ainda que a presença de caramujos naturalmente suscetíveis seja um dos fatores determinantes na transmissão da esquistossomose, a instalação e a manutenção dos focos seguem padrões que são peculiares a cada realidade epidemiológica e, atualmente, não existem notificações de doença humana autóctone em Uberlândia, considerada área não endêmica. Assim, o monitoramento dos moluscos deve ser contínuo e sistemático para se conhecer a dinâmica local da transmissão e das peculiaridades do município. O s cuidados com a vigilância epidemiológica tornam-se imprescindíveis, assim como ações de educação em saúde e ambiental e o saneamento hídrico.



Palavras-chaves:  Biomphalaria, Esquistossomose, Vigilância