Comparação dos índices de esquistossomose por região brasileira de 2008 a 2017: qual o perfil de pacientes com maior incidência? |
Introdução: A esquistossomose é desencadeada pelo helminto Schistosoma mansoni , sendo uma doença endêmica no que se refere à saúde pública brasileira, com um número expressivo de formas graves e óbitos. No que diz respeito às condições de risco, pacientes que realizam atividade econômica ligadas ao uso da água – principalmente nas zonas rurais – e que moram em precárias condições de moradia e saneamento básico, são os mais acometidos. Diante disso, o acompanhamento da incidência durante os anos e a pesquisa do perfil de indivíduos mais acometidos tornam-se dados importantes no controle desta afecção no território brasileiro. Objetivo: Avaliar possíveis alterações no perfil epidemiológico da esquistossomose de acordo com cada região brasileira. Método: Estudo quantitativo, analítico e transversal, avaliando o período de janeiro de 2008 a dezembro de 2017, cujos dados foram obtidos por meio do Sistema de Informações Hospitalares do SUS. Resultados: Constatou-se, nos últimos 10 anos, um total de 2.441 AIH aprovadas no Brasil, tendo incidência maior no Sudeste, com 54% (1.318), e menor no Sul, com 0,86%. A faixa etária mais acometida é de 50 a 54 anos de idade, com 220 AIH registradas, sendo a menos afetada a de menores de 1 ano, com 17 internações. 2014 foi o ano com maior ocorrência, registrando 425 AIH. Quanto ao sexo dos pacientes, 57% (1.398) eram homens e 42%, mulheres (1.043). Em cor/raça, 19% são brancos (471); 5%, negros (130); 38%, pardos (937); 0,73%, amarelos (18); e 0,08%, indígenas; sendo que 36% dos pacientes não possuem essa informação (883). A média de permanência hospitalar brasileira ficou em torno de 8,63 dias, com destaque para a região Centro-Oeste, com a maior média (8,8 dias), e para o Sul, pela menor (7 dias). O valor total de investimentos nos hospitais foi um montante de R$978.910,74, com os maiores gastos ocorridos no Nordeste (R$464.773,89) e no Sudeste (R$464.864,95). 97 óbitos foram registrados no Brasil por esquistossomose, sendo maior no Nordeste, com 63% (62). Não houve registro de óbito no Sul. Conclusão: O Sudeste registrou a maior incidência dos últimos 10 anos, enquanto o Nordeste, o maior número de óbitos. Além disso, ambas tiveram os maiores ônus em cuidados hospitalares. Apesar de ter sido observado um perfil caracterizado por idade mais avançada, sexo masculino e etnia parda, mais estudos precisam ser estimulados a fim de auxiliar medidas de saúde pública para as populações inseridas dentro desses contextos. |