COINFECÇÃO DE DOENÇAS TROPICAIS NEGLIGENCIADAS EM PACIENTE RESIDENTE EM ÁREA ENDÊMICA DE LEISHMANIOSE E HANSENÍASE: UM RELATO DE CASO
AILTON JOSÉ DE SOUZA JUNIOR 1, ARON NOGUEIRA AQUINO1, FETXANÊ MENIRA TNI-AH OLIVEIRA BRANDÃO1, IARA GEISA DE LIMA FERREIRA 1, IAN CARLOS CAVALCANTI DA COSTA1, DANIELA DE ARAÚJO VIANA MARQUES1
1. UPE - Universidade de Pernambuco
ailton-junior-bs@hotmail.com

A leishmaniose visceral é uma infecção causada pelo complexo Leishmania donovani que se traduz principalmente em repercussões ao sistema hematopoético e sistêmicas sobretudo quando associada ao HIV. Consta entre as doenças tropicais negligenciadas, causando cerca de 300 óbitos anuais no Brasil. Além do HIV, várias outras coinfecções podem se associar à leishmaniose, dificultando o diagnóstico e controle. Diante disso, o presente relato de caso apresenta um paciente com a patologia referida acima em coinfecção com Hanseníase, outra doença tropical. B.G.D.M. sexo masculino, 59 anos, natural de Serra Talhada-PE, com história de visitas frequentes à zona rural, procura serviço de emergência com queixa de febre há 60 dias com calafrios e sudorese. Alega dor em hipocôndrio direito, náuseas e tontura, além de perda ponderal de 17 kg no mesmo período. Além disso, o paciente possui um histórico de quimioterapia para hanseníase multibacilar há 9 meses. Ao exame físico, apresenta-se em estado geral regular, hipocorado (++/4+), ictérico (++/4+), com máculas hipocrômicas em membros superiores, placas eritematosas em tronco, dorso e membros inferiores, com sensibilidade tátil, térmica e dolorosa preservadas e edema perimaleolar bilateral. Abdome doloroso à palpação, com fígado palpável a 4 poupas digitais do RCD e baço palpável a 6 poupas digitais de RCE. Hemograma evidenciou pancitopenia, enquanto pesquisas bioquímicas mostraram AST igual a 94,00U/l, ALT igual a 68,00 U/l, fosfatase alcalina igual a 469,00 U/l, clearance de creatinina igual a 62,2mL/min/1,73m² e proteína C reativa reagente, evidenciando lesão hepática e disfunção hematopoética. Tomografia de abdome mostrou baço aumentado. Haja vista o quadro clínico, foi solicitado teste rápido por imunocromatografia para leishmaniose visceral, que se mostrou reagente. Sorologia para HIV não reagente. Com diagnóstico de Leishmaniose visceral, o paciente seguiu internado até melhora do quadro geral, medicado com anfotericina B lipossomal e mantendo-se em tratamento para hanseníase. Após 2 meses internado, o paciente recebeu alta melhorado, dando seguimento ambulatorial aos quadros apresentados. A leishmaniose e a hanseníase são, portanto, duas patologias tropicais amplas no Brasil, e sua ocorrência indica que há necessidade intervenções mais efetivas no rastreio e controle das mesmas. A coinfecção de ambas torna evidente a fragilidade da população brasileira a tais patógenos, servindo de alarme para os órgãos de saúde.



Palavras-chaves:  Coinfecção, Hanseníase, Leishmaniose