VIGILÂNCIA DO ÓBITO DAS ARBOVIROSES: UMA ESTRATÉGIA DE REFLEXÃO E INTEGRAÇÃO NO TERRITÓRIO DA I REGIÃO DE SAÚDE DE PERNAMBUCO. |
No atual cenário epidemiológico brasileiro, as doenças causadas por arbovírus, como dengue, febre Chikungunya e Zika Vírus, tem apresentado alta prevalência, sendo observada uma proporção significativa de casos graves e óbitos. Nessa perspectiva, a vigilância do óbito, ferramenta da vigilância em saúde na compreensão dos determinantes e condicionantes de óbitos de causa mal definida, visa investigar óbitos suspeitos por arboviroses na lógica de analisar os fatores associados ao evento e recomendar medidas de prevenção e de qualificação da atenção à saúde. Trata-se de um relato de experiência que tem por objetivo descrever as vivências e os desafios do processo de trabalho da vigilância epidemiológica da I Gerência Regional de Saúde (I GERES) nas investigações dos óbitos suspeitos por arboviroses. A I GERES assessora 19 municípios pernambucanos e a ilha de Fernando de Noronha. Em 2016 foram verificados 283 óbitos, destes, 25,4% foram confirmados e 28,6% descartados. Em 2017, houve uma redução de destes números em relação ao ano anterior, sendo 75 óbitos suspeitos, onde 5,3% foram confirmados e 46,6% descartados. A vigilância do óbito por arboviroses envolve a discussão técnica do caso a partir das investigações epidemiológicas no âmbito domiciliar e hospitalar. Em Pernambuco, os casos são analisados no Comitê de Discussão de Óbitos por Dengue e outras Arboviroses, com o apoio das GERES. Com esta estratégia foi possível aperfeiçoar os instrumentos utilizados pelas vigilâncias municipais, qualificar critérios de análise dos óbitos, entender as fragilidades da rede de saúde e os fatores relativos ao processo de trabalho das equipes de vigilância e atenção. Ao longo desse caminho, alguns entraves foram identificados como a dificuldade dos municípios em percorrer todas as unidades hospitalares onde o paciente foi atendido. Diante disso, a I GERES intensificou o apoio técnico, realizando as investigações hospitalares nas unidades de saúde. A regional também apoia os gestores municipais na realização das investigações domiciliares, monitorando os casos e o processamento dos dados. Apesar dos avanços conquistados, inúmeros são os desafios na consolidação desse trabalho. É necessária maior integração entre vigilância e a atenção básica na coleta dos dados clínico-epidemiológicos, maior aporte de informações de exames clínico para subsidiar a discussão dos casos e, divulgação das informações aos setores envolvidos na tríade vigilância, prevenção e cuidado em saúde. |