Epidemiologia das Internações Hospitalares por Febre Reumática Aguda no Estado da Bahia. |
A febre reumática aguda (FR) é uma complicação inflamatória tardia não supurativa da faringoamigdalite causada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A de Lancefield. Ela decorre do tratamento inadequado e resposta imune tardia a esta infecção em populações geneticamente predispostas. Possui quadro clínico variado, podendo se manifestar por febre, artrite, cardite, coreia de Sydenham e mais raramente nódulos subcutâneos e eritema marginatum . Objetivou-se descrever as internações hospitalares por febre reumática aguda no estado da Bahia, através da lista de morbidade do CID-10, no período de 2008 a 2017, quanto às características sociodemográficas, mortalidade e custos de hospitalização. Estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, de análise quantitativa, cuja fonte de dados foi o Sistema de Morbidade Hospitalar (SIH-SUS), do Ministério da Saúde. Foram registradas 2.471 internações por FR no estado da Bahia para o período analisado. O ano de 2011 concentrou o maior número de internações (14,36%). Após este ano houve uma redução de 64,48% no número de internações. A macrorregião de saúde sudoeste concentrou 31,44% das internações, porém 22,25% ocorreram na capital Salvador (macrorregião de saúde leste). Do total, 52,8% das internações ocorreram no sexo feminino, 51,95% na raça/cor parda e 89% tiveram caráter de urgência. A faixa etária predominante foi de 10-14 anos (14,89%), seguida de 5-9 anos (13,55%) e 30-39 anos (11,12%). O tempo de permanência média das internações de urgência foi de 5,3 dias e as eletivas de 11,8 dias. O valor total das internações para o período foi de 907,5mil; o valor médio foi de R$ 1.095,11 para as internações eletivas e de R$392,74 para as de urgência. A taxa de mortalidade média para o período analisado foi de 1,38 óbitos/100 internações. Quando aos óbitos, 55,88% ocorreram no sexo masculino e 14,7% na faixa etária de 20-29 anos, mesma percentagem para a faixa etária de 60-69 anos. A faixa etária mais frequente nas internações é concordante com a literatura. Mesmo de baixa letalidade, destaca-se o maior gasto e maior permanência em internações eletivas, o que pode representar casos de FR com cardite, quadro que se sem tratamento adequado pode complicar em disfunção valvar e insuficiência cardíaca futuras. Mesmo com a redução do número de internações a cada ano, a FR ainda é problema de saúde pública na Bahia, possivelmente se relacionando com baixo nível econômico, más condições de habitação e higiene. |