Perfil Clínico-Epidemiológico dos Casos de Hanseníase no Município de Feira de Santana, Bahia. |
A hanseníase é uma infecção crônica causada pelo Mycobacterium leprae , que infecta a pele e os nervos periféricos, especialmente células de Schwann. O quadro clínico é polimorfo, em geral com lesões de pele, redução de sensibilidade, espessamento de nervos e disautonomias no trajeto destes. A hanseníase é causa de deformidades e incapacidades físicas. Objetivou-se descrever o perfil clínico-epidemiológico dos casos confirmados de hanseníase no município de Feira de Santana, Bahia, no período de 2015 a 2017. Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, de abordagem quantitativa, cuja fonte de dados é o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), do Ministério da Saúde (MS). Os dados foram tabulados em gráficos e tabelas através do Microsoft Excel 2010. Foram notificados 244 casos no período, com tendência crescente de casos a cada ano. Quanto ao modo de entrada, 93,44% foram casos novos, 3,68% recidivas e 2,86% outros reingressos. O sexo masculino correspondeu por 53,68% do total de casos. A faixa etária mais acometida foi a de 40-59 anos (43,85%) e os casos em menores de 15 anos corresponderam por 2,45% do total. Quanto à classificação operacional, 70,08% dos casos eram multibacilares. A forma clínica predominante, segundo a Classificação de Madri, foi a dimorfa (45,9%), seguida da virchowiana (20,49%), tuberculóide (17,21%) e indeterminada (14,34%). O número de lesões cutâneas e de nervos acometidos ao momento da notificação foi ignorado em 63,93% e 66,8% dos registros respectivamente. Ao diagnóstico, 36,47% se apresentaram com grau de incapacidade 1, 9,42% com grau de incapacidade 2, 45,49% com grau zero e 6,96% não foram avaliados. A proporção média de contatos examinados foi de 54,3%. A taxa de cura média entre os anos de 2015 e 2016 foi de 93,8%. Ainda estão em tratamento 30,32% dos casos e os abandonos corresponderam a 6,14%. A hanseníase ainda é problema de saúde pública em Feira de Santana. Embora a taxa de cura seja considerada boa, a proporção de casos com incapacidade grau 2 e a taxa de contatos examinados ainda são consideradas alta e precária respectivamente, de acordo com os parâmetros de vigilância de hanseníase do MS. Deste modo, é necessário reforçar as atividades de detecção oportuna e/ou precoce dos casos, de modo que o diagnóstico ocorra antes do desenvolvimento de deformidades e incapacidades na população, além de cessar a cadeia de transmissão. |