PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS CONFIRMADOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL, NO PERÍODO DE 2008 A 2017
DIEGO JOSÉ LIRA TORRES 2, TIAGO RIBEIRO DE ARRUDA2, MICHELLE DA SILVA BARROS 2, LEYLLANE RAFAEL MOREIRA2, KAMILA KÁSSIA DOS SANTOS OLIVEIRA2
1. IAM - Instituto Aggeu Magalhães, 2. UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
diegolira18ufpe@gmail.com

A leishmaniose visceral (LV) é uma antropozoonose causada pelo protozoário Leishmania infantum , tem alta morbimortalidade por afetar vários órgãos do indivíduo, podendo levar a morte se não tratada. O presente estudo teve como objetivo descrever o perfil epidemiológico dos casos de LV na região Nordeste do Brasil, entre os anos de 2008-2017. Dessa forma, foi realizado um estudo transversal descritivo baseado na análise de dados do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN) e do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram analisadas as variáveis: sexo, raça, faixa etária, ano de notificação, região de notificação, evolução e co-infecção pelo HIV. Em quase 10 anos o Brasil notificou, 37.698 casos de LV. Sendo a região nordeste responsável por mais da metade do total de casos registrados (52,7% - n=19.895). Em 2017, foram notificados 2253 casos, o que quebrou um declínio que vinha acontecendo desde 2014. Dos 19.895 casos oriundos da região Nordeste, a maioria pertence aos estados do Ceará (25,9% - n=5162), Maranhão (23,1% - n=4605) e Bahia (16,9% -  n=3382). É importante mencionar que há uma tendência no aumento do número de casos de LV no estado do Maranhão e que se não houver políticas de controle, tão logo será o estado com maior número de casos notificados, uma vez que esse aumento acontece desde 2013, culminando em ser a região responsável pelo maior número de casos em 2017 (746 de 2253 casos). O estado de Alagoas tem o menor número de casos de LV notificados e em todos os anos analisados,  não ultrapassou mais que 50 casos. A LV afetou em maior quantidade o sexo masculino (64,8% - n=12.896), com raça parda (76,9% - n=15.314) de idade variando entre 1 e 4 anos (27% - n=5384). Apesar de a maioria ter apresentado cura (63,92% - n=12.717), mais de 1000 indivíduos notificados foram a óbito por LV. A co-infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) afetou 1525 (7,6%) pessoas. Assim os resultados revelam a importância de se intensificar as políticas públicas de controle da LV sobretudo, nos estados do Ceará, Maranhão e Bahia. Surpreendentemente os dados indicam que crianças de 1 a 4 anos são as mais atingidas por LV, talvez pelo contato maior com cães contaminados ou mais expostos aos mosquitos transmissores.



Palavras-chaves:  Brasil, Epidemiologia, Leishmaniose Visceral