LEPTOSPIROSE CANINA POSSÍVEL CAUSA DE SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA AGUDA EM CUIDADOR DE CÃES
MARIANA AYRES HENRIQUE BRAGANÇA1, CAROLINE NASCIMENTO MAIA 1, MARIANA PINHEIRO ALVES VASCONCELOS 1, DELMA CONCEIÇÃO PEREIRA DAS NEVES1, GLADSON DENNY SIQUEIRA1, STELLA ÂNGELA TARALLO ZIMMERLI1
1. CEMETRON - Centro de Medicina Tropical de Rondônia
maiacn03@gmail.com

A leptospirose é uma zoonose de distribuição mundial, causada por Leptospira spp ., apresenta espectro clínico amplo. Assume grande relevância epidemiológica devido ao alto nível de infectividade entre animais domésticos e silvestres que podem apresentar doença crônica e de forma endêmica transmitir o agente etiológico a outros animais. A leptospirose é mantida pela persistente colonização dos túbulos renais de animais que servem como hospedeiros. A infecção em humanos acontece de forma acidental após contato com a urina do animal infectado. A Leptospira interrogans Canicola é um dos sorovarianos patogênicos mais importantes para a manutenção da doença. Embora seja considerada altamente adaptada aos cães, já foi descrita em humanos. O objetivo é relatar caso de apresentação clínica grave, caracterizado exclusivamente por angústia respiratória consequência de  hemorragia pulmonar. Para este trabalho foram utilizados dados da anamnese e do exame físico, além dos exames complementares sorológicos e de imagem.  R.O.D, 20 anos, hospitalizado no Centro de Medicina Tropical de Rondônia, CEMETRON, em abril de 2018, história de mal estar geral, inapetência e febre não aferida há 7 dias com evolução para dispneia progressiva há 12 horas. Aproximadamente 30 dias que antes do quadro adotou cães de rua que vieram a óbito, decorrência de anorexia e vômitos. O paciente foi mantido em UTI, em ventilação mecânica com PEEP elevada, recebeu terapêutica com Ceftriaxona e evolui com melhora após o quinto dia. Recebe alta após 18 dias de internação, sem sequelas. A suspeita clínica foi confirmada pela dosagem de IgM e Microaglutinação que revela aumento dos títulos para L. Canicola. Apesar da forte evidência clínica-epidemiológica de que a infecção tenha sido transmitida pelo cão, não foi possível à investigação animal. Ressaltando a importância do cão como hospedeiro e levando em consideração a proximidade com o homem, a leptospirose transmitida por cães deve ser preocupação sanitária. No Brasil, L. interrogans sorovar Canicola já foi detectado em cães selvagens e domésticos, bovinos e suínos o que amplia sua importância epidemiológica. É importante considerar a Leptospirose entre os organismos capazes de causar síndrome do desconforto respiratório para o  manejo adequado e diminuição de mortalidade. Apesar de não eleger como endemia prioritária,  a OMS discutiu amplamente a leptospirose como doença endêmica relevante ressaltando o risco que representa à saúde pública.



Palavras-chaves:  Leptospira interrogans serovar canicola , Zoonoses , Endemia, Hemorragia, Doenças do Cão