NICHO ECOLÓGICO E DISTRIBUIÇÃO POTENCIAL DE LUTZOMYIA CRUZI NA AMÉRICA DO SUL
BRUNO MOREIRA DE CARVALHO1, ALESSANDRA GUTIERREZ DE OLIVEIRA1, EUNICE APARECIDA BIANCHI GALATI1, ELIZABETH FERREIRA RANGEL1, EVERTON FALCÃO DE OLIVEIRA 1
1. FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz, 2. UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 3. USP - Universidade de São Paulo
efalcao.oliveira@gmail.com

A transmissão de Leishmania spp. (Kinetoplastidae, Trypanosomatidae) é influenciada por fatores ambientais. Em alguns municípios brasileiros Lutzomyia cruzi (Diptera, Psychodidae) é considerado o vetor de L. infantum . Sendo os flebotomíneos sensíveis às condições climáticas e ambientais, estudos sobre sua distribuição geográfica são importantes para o entendimento da eco-epidemiologia das leishmanioses. Este relato tem como objetivo predizer a distribuição espacial de Lu. cruzi por meio de modelos de nicho ecológico. Estes foram aplicados para identificar áreas com condições ambientais e climáticas favoráveis à ocorrência de Lu . cruzi na América do Sul, mas ainda sem o registro da espécie. Registros de ocorrência de Lu. cruzi foram compilados da literatura, coleções de museus e de secretarias estaduais e municipais de saúde. Variáveis bioclimáticas, altitude e uso/cobertura do solo foram utilizados como preditores em cinco algoritmos: BIOCLIM, GLM (regressão logística), MaxEnt, SVM e Random Forests. Pseudo-ausências foram estimadas por amostragem aleatória nas áreas fora do domínio ambiental da espécie e restritas a uma distância máxima de 1000 km dos registros de presença. As análises foram realizadas no software R e os resultados exportados para o software QGIS para a confecção de mapas. Um total de 116 registros de presença de Lu. cruzi com as coordenadas geográficas associadas foram encontrados até última data de atualização das ocorrências da espécie, em fevereiro de 2018. A maioria dos registros do vetor está nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com um único registro no Estado de Goiás e um na Bolívia, no Departamento de Santa Cruz. Áreas urbanas representaram 34% dos locais de ocorrência. Os resultados mostraram que Lu. cruzi está presente em áreas com temperatura anual média de 21,76 °C a 26,58 °C e precipitação anual média de 1005 mm a 2048 mm. A distribuição potencial de Lu. cruzi segundo o modelo final de nicho ecológico abrange o Brasil e a Bolívia. A maior parte desta área está localizada nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Os achados identificaram áreas ambientalmente adequadas para Lu. cruzi em regiões sem sua ocorrência conhecida, portanto recomenda-se a amostragem em campo de flebotomíneos, especialmente no sul do Estado de Goiás, Mato Grosso do Sul (fronteira com Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais); e nos departamentos bolivianos Santa Cruz e El Beni.

Instituições de fomento: UFMS; FUNDECT; FAPESP; CNPq.



Palavras-chaves:  leishmaniose visceral, Lutzomyia cruzi, nicho ecológico