Avaliação de proficiência no diagnóstico de malária por microscopia: desenvolvimento de uma ferramenta para garantir acesso a um diagnóstico com qualidade |
A malária ainda é uma doença que causa um grande impacto na saúde pública a nível global. No Brasil, a transmissão da malária concentra-se na Região Amazônica (99,5%) e em 2017 registrou-se 174.522 casos de malária entre janeiro e novembro, causados principalmente pelo Plasmodium vivax . Só nesse primeiro trimestre de 2018, foram registrados 18,6 mil casos de malária no Amazonas. A malária vem sofrendo uma alta de mais de 50% em relação aos anos anteriores, ressurgência de casos que vem preocupando cada vez mais, apesar dos métodos de intervenção continuarem auxiliando no combate à doença. Dentre os métodos, a hemoscopia, que é atualmente o método mais utilizado para o diagnóstico da malária, através do exame da gota espessa de sangue. Este diagnóstico passa por um rigoroso controle de qualidade, o qual as lâminas examinadas em nível primário são reexaminadas pelos supervisores em nível intermediário (escritórios regionais de saúde) e novamente em nível central pela unidade de referência estadual (Lacen). Os revisores de ambos os níveis devem ser profissionais de sabida proficiência. Apesar de o controle de qualidade de leitura de lâminas ser bem estabelecido pela OMS e pelo Plano Nacional de Controle da Malária, não há proposto nenhum teste ou critério de estabelecimento de proficiência, seja para o leitor ou para o revisor. Sendo assim, este estudo tem como objetivo determinar critérios que possam classificar a proficiência na leitura da gota espessa no diagnóstico de malária e assim poder classificar a qualidade do microscopista. Para tal, será analisada a metodologia de leituras de gota espessa duplo-cegas para caracterização de proficiência de leitores: determinar qual critério de classificação (sensibilidade, especificidade e acurácia) teria maior interferência na caracterização da proficiência; indicar a amostragem mínima de lâminas necessárias para aplicação de teste de proficiência; e verificar se as condições psicológicas pessoais e/ou de trabalho, assim como a escolaridade e experiência são fatores de interferência na reprodutibilidade das leituras. Com os resultados gerados, pretende-se determinar critérios para escolha de microscopistas revisores; intensificar treinamentos de profissionais leitores e dessa forma contribuir para aprimorar o acesso a um diagnóstico “padrão ouro” de malária. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da FMT-HVD e está em fase de preparação das lâminas para iniciar o recrutamento dos microscopistas. |