ÓBITO POR MIOCARDITE CHAGÁSICA AGUDA EM CRIANÇA: UM RELATO DE CASO
THERESA CRISTINA CARDOSO DA SILVA 1, KARINA BALESTREIRO SILVA1, CLEMILDA MARQUES1, JANAÍNA APARECIDA CASOTTI1, EVELINE DE FÁTIMA ALMEIDA FONSECA EDUARDO1, JANE SANT’ANA CASTELLO1, SANDRA FAGUNDES MOREIRA-SILVA1
1. CIEVS-SESA/ES - Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo, 2. HEINSG - Setor de Infectologia do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória
theresa.cardoso10@gmail.com

No Brasil, de 2007 a 2017, foram confirmados 2.345 casos de Doença de Chagas aguda, a maioria na Região Norte e apenas seis no Sudeste. Além de 35 óbitos pelo agravo. O caso a seguir é o único confirmado no estado do Espírito Santo. LFBL, dois anos, masculino, previamente hígido, em fevereiro de 2012, apresentou febre, dor abdominal, cefaleia e vômito. Após três dias, evoluiu com rash cutâneo. No oitavo dia, atendido na Unidade de Saúde, com queda do estado geral e febre baixa, Hb:9.9, Htco:29.2, Leuco:4.500, Plaq.:75.000. No 20º dia, levado ao pronto atendimento após síncope, apresentando desidratação e palidez cutânea. Admitido no dia seguinte no Setor de Emergência do hospital de referência em choque séptico. Glicemia capilar:52mg, Hb:12.2, Leuco:15.600, Plaq.:346.000, Ur:157, Cr:3.46, PCR:21.9, TGO:181, TGP:72, Albumina:2.19, TAP:27.6%, PTTK:63”. Raio X de tórax: infiltrado bilateral com derrame pleural à direita. Óbito após algumas horas. Observadas formas amastigotas nas fibras miocárdicas no exame histológico do coração. Confirmada a presença de infecção mista por diferentes genótipos de T. cruzi , além da presença de T. dionisii por PCR. Mãe havia relatado que encontrou “barbeiro” na mão da criança. A Doença de Chagas apresenta uma fase aguda, sintomática ou assintomática, podendo evoluir para a fase crônica. Os sintomas da fase aguda são febre, mialgia, cefaleia, prostração e exantema, além de hepatoesplenomegalia, dispneia e taquicardia por acometimento cardíaco. Casos graves, que cursam com miocardiopatia e meningoencefalite, são mais frequentes em crianças. Aproximadamente 5 a 10% dos pacientes sintomáticos evoluem para óbito.  A não suspeição clínica pelos profissionais de saúde e a demora na instituição do tratamento pioram o prognóstico, podendo ocasionar óbito, como no caso descrito. O diagnóstico é feito por meio de exame parasitológico direto na fase aguda e sorologia na fase crônica. O tratamento específico é realizado com Benzonidazol e o controle de vetores é a única forma de prevenção deste agravo. Assim, ações de vigilância devem ser desenvolvidas, já que na zona rural do estado do Espírito Santo, é frequente a invasão domiciliar por triatomíneos infectados. Este caso enfatiza a necessidade de inclusão da Doença de Chagas no diagnóstico diferencial no atendimento, objetivando tratamento precoce e evitando o óbito.



Palavras-chaves:  Cardiomiopatia Chagásica, Doença de Chagas, Trypanosoma cruzi