Surto de Difteria na Venezuela: relato de um hospital de referência em Caracas
JOCAYS CALDERA2, MARTÍN CARBALLO2, JOSÉ GREGORIO MARTÍNEZ2, JAVIER MOTA2, GÉNESIS BRAVO2, KATERINE SANCHÉZ2, MILDYS CERRO2, YENNY LLOVERA2, MANUEL PAIVA2, CAROLINA AGUIAR2, LIA CAROLINA MONSALVE2, TÁLIA MISSEN TREMORI 2, CAROLYN REDONDO2, MARIA EUGENIA LANDAETA2
1. CIETUS - USAL - Centro de Investigación de Enfermidades Tropicales, Universidad de Salamanca, 2. HUC - Departamento de Moléstias Infecciosas, Hospital Universitário de Caracas, 3. HUC - Departamento de Epidemiologia, Hospital Universitário de Caracas
talia_missen@hotmail.com

Introdução: difteria é uma enfermidade infecciosa causada pela bactéria Corynebacterium diphtheriae , que é altamente contagiosa e alto índice de mortalidade, uma doença que pode ser prevenida através de vacinação. Na Venezuela, depois de 24 anos de erradicação, desde 2018 foram relatados 1602 casos notificados à Associação Panamericana de Saúde (PAHO). Estes casos afetam regiões de países vizinhos como Colômbia e Brasil, que já possuem casos novos. Objetivo: descrever características clínicas e epidemiológicas e abordagem médica de pacientes hospitalizados com difteria no Departamento de Moléstias Infecciosas do Hospital Universitário de Caracas, Venezuela. Metodologia: estudo retrospectivo e observacional. Foram avaliados prontuários médicos no período de Janeiro de 2017 a Maio de 2018. Resultados: foram incluídos 20 casos no estudo. Foram relatados 13 (65%) em 2017 e 7 (35%) em 2018. Houve distribuição homogênea entre os gêneros (55% homens e 45% mulheres). A média de idade dos acometidos foram 26 anos. A maioria dos pacientes (85%) era residente da capital da Venezuela, Caracas. O principal sinal clínico obervado foi presença de pseudomembrana aderente de coloração cinza e branca na região da garganta (100%). Seguido da tríade de odinofagia, febre e mal-estar geral em (95%). Edema de pescoço foi observado em 50% dos casos. Observaram-se complicações associadas principalmente a sintomas respiratórios e neurológicos provocados pela enfermidade. Um paciente veio a óbito por insuficiência pulmonar e polineuropatia periférica. Outros seis pacientes tiveram polineuropatia periférica como complicação tardia da enfermidade. O tratamento mais comum foi baseado na administração de penicilina cristalina em 12 pacientes (60%) e toxoide diftérico em todos os casos. Conclusão: os resultados apresentados demonstram a susceptibilidade da população da capital da Venezuela, Caracas. Risco de mortalidade e alto índice de complicações neurológicas tardias foram observados. A necessidade de melhor cobertura vacinal é urgente, para prevenir futuros surtos, não somente na Venezuela, mas também em regiões próximas.

 



Palavras-chaves:  cobertura vacinal, doença respiratória infectocontagiosa, epidemiologia, prevenção de doenças