AVALIAÇÃO DA NEFROTOXICIDADE DA ANFOTERICINA B LIPOSSOMAL EM PACIENTES COM LEISHMANIOSE VISCERAL ATRAVÉS DE MCP1 E OUTROS BIOMARCADORES INFLAMATÓRIOS
GABRIELA FREIRE BEZERRA 1, GDAYLLON CAVALCANTE MENESES1, GERALDO BEZERRA DA SILVA JUNIOR1, THAIANY PEREIRA DA ROCHA1, ISABELLA EVELYN PRADO DE AZEVEDO1, DANYA BANDEIRA LIMA1, VITTÓRIA NOBRE JACINTO1, MATHEUS MARQUES MARTINS ALEXANDRE1, LOUISE DONADELLO TESSAROLO1, ELIZABETH DE FRANCESCO DAHER1, ALICE MARIA COSTA MARTINS1
1. UFC - Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará, 2. UFC - Programa de Pós Graduação em Ciências Médicas, Universidade Federal do Ceará, 3. UNIFOR - Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Faculdade de Medicina, Centro de Ciências da Saúde, Universidade de Fortaleza, 4. UFC - Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Universidade Federal do Ceará
gabrielafreireb@gmail.com

A anfotericina B (Anf-B) utilizada no tratamento de leishmaniose visceral (LV) é uma das principais causas do desenvolvimento de lesão renal aguda (LRA) nesses pacientes. A formulação lipossomal vem sendo mais utilizada por possuir uma menor afinidade ao tecido renal, apresentando um melhor índice terapêutico e menor nefrotoxicidade. O MCP-1 é um biomarcador presente em locais onde existe processo inflamatório e dano tecidual. Ele pode ser produzido por vários tipos de células renais, incluindo células epiteliais tubulares, endoteliais, mesangiais e podócitos. No entanto, poucos estudos com o MCP-1 foram feitos avaliando o comportamento deste biomarcador em pacientes com LV tratados com Anf-B lipossomal. O objetivo do estudo foi avaliar a nefrotoxicidade da Anf-B lipossomal em pacientes com LV através do MCP-1 e marcadores inflamatórios. Foi realizado um estudo prospectivo, entre abril de 2015 e janeiro de 2017, onde foram acompanhados 17 pacientes com LV hospitalizados no Hospital São José de Doenças Infecciosas, Fortaleza, Ceará. O trabalho foi aprovado pelo comitê de ética CAAE: 61488016.8.3001.5044.  Foram feitas duas coletas de soro e urina; a primeira antes do tratamento e a segunda a partir de 72 horas do início do tratamento com Anf-B lipossomal. Os parâmetros renais avaliados foram: Taxa de filtração glomerular (TFG) estimada pelo CKD-EPI, creatinina, uréia, e o biomarcador MCP-1 urinário. Foram dosados ainda biomarcadores inflamatórios como IL-6 e IFN-y séricos feitos por ELISA. Os pacientes tiveram idade média de 43±16 anos e 12 (71%) eram do sexo masculino. Na análise pareada pelo teste de Wilcoxon, foi observado que durante o tratamento os pacientes não tiveram aumento da creatinina e uréia sérica, bem como diminuição do TFG. Em relação aos biomarcadores, foi observado um aumento significativo nos níveis de MCP-1 urinário durante o uso de Anf-B lipossomal (656 (413 – 929)  vs 1872 (834 – 2299) mg/g-Cr, p=0,005) e os níveis de IL-6 diminuíram de forma significativa durante o tratamento (17,4(8,7 – 49,0) VS 0,21(0,0 – 3,5) pg/mL p= 0,028), enquanto os níveis de INF-y não apresentaram diferenças significativas. O uso de Anf-B lipossomal não apresentou nefrotoxicidade importante de acordo com parâmetros renais clínicos, mas pode ter contribuído para injúria renal, evidenciada pela elevação dos níveis de MCP-1 urinário e diminuição dos níveis IL-6 nesses pacientes.



Palavras-chaves:  Anfotericina B, Biomarcadores, Leishmaniose Visceral, Lesão Renal Aguda