AVALIAÇÃO DA NEFROTOXICIDADE DA ANFOTERICINA B LIPOSSOMAL EM PACIENTES COM LEISHMANIOSE VISCERAL ATRAVÉS DE MCP1 E OUTROS BIOMARCADORES INFLAMATÓRIOS |
A anfotericina B (Anf-B) utilizada no tratamento de leishmaniose visceral (LV) é uma das principais causas do desenvolvimento de lesão renal aguda (LRA) nesses pacientes. A formulação lipossomal vem sendo mais utilizada por possuir uma menor afinidade ao tecido renal, apresentando um melhor índice terapêutico e menor nefrotoxicidade. O MCP-1 é um biomarcador presente em locais onde existe processo inflamatório e dano tecidual. Ele pode ser produzido por vários tipos de células renais, incluindo células epiteliais tubulares, endoteliais, mesangiais e podócitos. No entanto, poucos estudos com o MCP-1 foram feitos avaliando o comportamento deste biomarcador em pacientes com LV tratados com Anf-B lipossomal. O objetivo do estudo foi avaliar a nefrotoxicidade da Anf-B lipossomal em pacientes com LV através do MCP-1 e marcadores inflamatórios. Foi realizado um estudo prospectivo, entre abril de 2015 e janeiro de 2017, onde foram acompanhados 17 pacientes com LV hospitalizados no Hospital São José de Doenças Infecciosas, Fortaleza, Ceará. O trabalho foi aprovado pelo comitê de ética CAAE: 61488016.8.3001.5044. Foram feitas duas coletas de soro e urina; a primeira antes do tratamento e a segunda a partir de 72 horas do início do tratamento com Anf-B lipossomal. Os parâmetros renais avaliados foram: Taxa de filtração glomerular (TFG) estimada pelo CKD-EPI, creatinina, uréia, e o biomarcador MCP-1 urinário. Foram dosados ainda biomarcadores inflamatórios como IL-6 e IFN-y séricos feitos por ELISA. Os pacientes tiveram idade média de 43±16 anos e 12 (71%) eram do sexo masculino. Na análise pareada pelo teste de Wilcoxon, foi observado que durante o tratamento os pacientes não tiveram aumento da creatinina e uréia sérica, bem como diminuição do TFG. Em relação aos biomarcadores, foi observado um aumento significativo nos níveis de MCP-1 urinário durante o uso de Anf-B lipossomal (656 (413 – 929) vs 1872 (834 – 2299) mg/g-Cr, p=0,005) e os níveis de IL-6 diminuíram de forma significativa durante o tratamento (17,4(8,7 – 49,0) VS 0,21(0,0 – 3,5) pg/mL p= 0,028), enquanto os níveis de INF-y não apresentaram diferenças significativas. O uso de Anf-B lipossomal não apresentou nefrotoxicidade importante de acordo com parâmetros renais clínicos, mas pode ter contribuído para injúria renal, evidenciada pela elevação dos níveis de MCP-1 urinário e diminuição dos níveis IL-6 nesses pacientes. |