MORTALIDADE POR LEISHMANIOSE VISCERAL NO BRASIL: UMA ANÁLISE TEMPORAL, 2001-2015
THIAGO CAVALCANTI LEAL 1, JOÃO PAULO SILVA DE PAIVA1, LEONARDO FEITOSA DA SILVA1, BRUNO EDUARDO BASTOS ROLIM NUNES1, FRANKLIN GERÔNIMO BISPO SANTOS1, CARLOS DORNELS FREIRE DE SOUZA1
1. UFAL - Universidade Federal de Alagoas- Campus Arapiraca
thiago.leal@arapiraca.ufal.br

A Leishmaniose visceral, também conhecida como calazar, é uma doença tropical negligenciada. O Brasil está entre os seis países do mundo que concentram mais de 90% dos casos. Esse trabalho teve como objetivo analisar a tendência das taxas de mortalidade por Leishmaniose visceral nos estados brasileiros e suas capitais entre 2001 e 2015. Os dados referentes aos óbitos foram obtidos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e os dados populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi utilizado o modelo de regressão segmentada (joinpoint regression) para a análise da tendência, sendo classificada em crescente, decrescente e estacionária. Calculou-se o percentual de variação anual (APC- Annual percent change ) com intervalo de confiança de 95%. Significância de 5%. Observou-se distribuição heterogênea da doença no Brasil, sendo o Nordeste responsável pelo maior número de óbitos (n=2470/54,9%/ taxa de 0,31/100 mil hab.), sendo 643 (23,0%) no Maranhão. A taxa nacional apresentou três tendências, sendo a primeira de aumento entre 2001 e 2010 (APC 5,34%), a segunda de redução entre 2010 e 2013 (APC -8,9%) e a terceira de crescimento a partir de 2013 (APC 10,43%). A maior taxa média foi observada no estado do Tocantins (1,44/100 mil hab./276 óbitos) e sua capital, Palmas (1,27/100 mil hab./35 óbitos). A mortalidade reduziu no Norte, a partir de 2008 (APC -9,57%) e no Sudeste a partir de 2010 (APC -9,93%). Embora, no Nordeste e Centro-Oeste, a tendência seja estacionária, observou-se aumento da mortalidade nessas regiões ao longo da série temporal (1,20% e 2,15%, respectivamente). Na região Sul do Brasil, apenas 24 óbitos foram registrados no período. A tendência foi estacionária para a maioria das UFs e capitais, observando-se crescimento em Fortaleza (CE) e Natal (RN), com APC de 6,8% e 27,5%, respectivamente. Quanto aos estados, Rio de Janeiro e Goiás apresentaram APC de 3,0% e 3,6%, nessa ordem. A maior concentração no Nordeste pode ser resultado das condições sociais, econômicas e ambientais. A disponibilidade, oferta e qualidade dos serviços de saúde podem influenciar na mortalidade. O padrão estacionário na maioria dos estados e capitais juntamente com o aumento da mortalidade em nível nacional a partir de 2013 sugerem problemas operacionais, visto nada ou pouco mudou ao longo do século XXI. É necessário ainda debruçar-se sobre essas localidades cujas taxas estão em ascensão a fim de entender as razões desse processo.



Palavras-chaves:  Epidemiologia , Leishmaniose visceral, Mortalidade