Estudo espacial da hanseníase na Bahia, 2001-2012: abordagem a partir do modelo bayesiano empírico local |
A Hanseníase é uma doença tropical negligenciada (DTN) causada pelo Mycobacterium leprae. O Brasil é o único país do mundo que não conseguiu alcançar a meta de eliminação da Hanseníase e, em 2016, ocupou o primeiro lugar no ranking de detecção de casos novos e o segundo lugar quanto ao número absoluto de casos, ficando atrás apenas da índia. O estado da Bahia ocupa posição intermediária, sendo décimo terceiro entre os estados brasileiros e sexto entre os estados do Nordeste. Objetivou-se descrever a distribuição temporal e espacial da hanseníase na Bahia entre 2001-2012. Estudo ecológico tendo como cenário de estudos os municípios da Bahia. Os dados foram extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Foram analisados três indicadores, conforme dispõe a Portaria nº 149/2016 do Ministério da Saúde: taxa de detecção de casos novos na população geral e na população de 0 a 14 anos/100 mil habitantes e taxa de grau II de incapacidade física. Foram calculadas as taxas brutas (observadas) e suavizadas (estimadas) pelo modelo bayesiano empírico local, com o auxílio do software livre Terra View versão 4.2.2 para suavizar os indicadores utilizados. O teste t Student foi aplicado para comparação das médias dos indicadores observados e estimados. Mapas temáticos foram confeccionados utilizando o QGIS 2.14.11. Observou-se distribuição heterogênea da doença, com maiores coeficientes no eixo norte-oeste e região sul. Os três indicadores estimados pelo modelo foram superiores aos observados, sendo que as taxas de detecção geral e o menor de 15 anos foram significantemente maiores em todos os períodos analisados, dobrando o número de municípios com alta endemicidade (de 82 para 164) quando comparados os modelos observado e estimado quanto à detecção geral. As taxas de detecção geral e em < 15 anos estimados foram superiores aos observados em 235 (60,7%) e 209 (50,1%) municípios, respectivamente. Ainda que se observe redução da magnitude da hanseníase na Bahia, os coeficientes são superiores aos padrões globais de ocorrência da doença. Além disso, o aumento dos indicadores no modelo suavizado sugere uma quantidade de casos maior do que o contabilizado pelos sistemas oficiais de informação, apontando para a existência de prevalência oculta da doença. Concluiu-se haver distribuição espacial heterogênea da doença no estado e evidências de prevalência oculta da doença. |