Estudo espacial da hanseníase na Bahia, 2001-2012: abordagem a partir do modelo bayesiano empírico local
THIAGO CAVALCANTI LEAL 1, JOÃO PAULO SILVA DE PAIVA1, LEONARDO FEITOSA DA SILVA1, BRUNO EDUARDO BASTOS ROLIM NUNES1, FRANKLIN GERÔNIMO BISPO SANTOS1, CAROLINE DE SALES MARQUES 1, CARLOS DORNELS FREIRE DE SOUZA1
1. UFAL - Universidade Federal de Alagoas- Campus Arapiraca
thiago.leal@arapiraca.ufal.br

A Hanseníase é uma doença tropical negligenciada (DTN) causada pelo Mycobacterium leprae. O Brasil é o único país do mundo que não conseguiu alcançar a meta de eliminação da Hanseníase e, em 2016, ocupou o primeiro lugar no ranking de detecção de casos novos e o segundo lugar quanto ao número absoluto de casos, ficando atrás apenas da índia. O estado da Bahia ocupa posição intermediária, sendo décimo terceiro entre os estados brasileiros e sexto entre os estados do Nordeste. Objetivou-se descrever a distribuição temporal e espacial da hanseníase na Bahia entre 2001-2012. Estudo ecológico tendo como cenário de estudos os municípios da Bahia. Os dados foram extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Foram analisados três indicadores, conforme dispõe a Portaria nº 149/2016 do Ministério da Saúde: taxa de detecção de casos novos na população geral e na população de 0 a 14 anos/100 mil habitantes e taxa de grau II de incapacidade física. Foram calculadas as taxas brutas (observadas) e suavizadas (estimadas) pelo modelo bayesiano empírico local, com o auxílio do software livre Terra View versão 4.2.2 para suavizar os indicadores utilizados. O teste t Student foi aplicado para comparação das médias dos indicadores observados e estimados. Mapas temáticos foram confeccionados utilizando o QGIS 2.14.11. Observou-se distribuição heterogênea da doença, com maiores coeficientes no eixo norte-oeste e região sul. Os três indicadores estimados pelo modelo foram superiores aos observados, sendo que as taxas de detecção geral e o menor de 15 anos foram significantemente maiores em todos os períodos analisados, dobrando o número de municípios com alta endemicidade (de 82 para 164) quando comparados os modelos observado e estimado quanto à detecção geral. As taxas de detecção geral e em < 15 anos estimados foram superiores aos observados em 235 (60,7%) e 209 (50,1%) municípios, respectivamente. Ainda que se observe redução da magnitude da hanseníase na Bahia, os coeficientes são superiores aos padrões globais de ocorrência da doença. Além disso, o aumento dos indicadores no modelo suavizado sugere uma quantidade de casos maior do que o contabilizado pelos sistemas oficiais de informação, apontando para a existência de prevalência oculta da doença. Concluiu-se haver distribuição espacial heterogênea da doença no estado e evidências de prevalência oculta da doença.

Palavras-chaves:  Hanseníase, Análise Espacial, Estudos Ecológicos