ANÁLISE DE TENDÊNCIA DA TAXA DE DETECÇÃO GERAL DE HANSENÍASE NO BRASIL ENTRE 1990 E 2016
THIAGO CAVALCANTI LEAL 1, JOÃO PAULO SILVA DE PAIVA1, LEONARDO FEITOSA DA SILVA1, BRUNO EDUARDO BASTOS ROLIM NUNES1, FRANKLIN GERÔNIMO BISPO SANTOS1, CARLOS DORNELS FREIRE DE SOUZA1
1. UFAL - Universidade Federal de Alagoas- Campus Arapiraca
thiago.leal@arapiraca.ufal.br

A Hanseníase representa uma importante doença tropical negligenciada. O Brasil é o único país no mundo a não eliminar a enfermidade e ocupa a segunda posição no número de casos novos. A taxa de detecção de hanseníase no Brasil demonstra o grau de atividade da cadeia de transmissão da doença. O objetivo do presente trabalho é analisar o panorama geral, regional e estadual da taxa de detecção geral de Hanseníase no Brasil entre 1990 e 2016. Trata-se de um estudo ecológico de séries temporais. Foram utilizados dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde acerca da detecção geral de Hanseníase no período de 1990 a 2016. A análise foi realizada considerando as escalas nacional, regional e estadual. Utilizou-se o modelo de regressão por pontos de inflexão (joinpoint regression). A tendência foi classificada como crescente, decrescente, e estacionária, calculou-se o AAPC (Average Annual Percent Change) com Intervalo de Confiança de 95% e significância de 5%. O Brasil em relação a toda a série temporal apresenta tendência decrescente, com a AAPC de -1,8, apresentando de 1990 a 2003 uma tendência crescente APC de 2,6 e de 2003 a 2016 uma tendência decrescente com APC de -6,1. A região Norte apresentou tendência geral estacionária, sendo o Pará, Amapá e Tocantins com comportamento estacionário e os demais com tendência decrescente. No Nordeste, que também apresentou perfil estacionário, destacam-se Alagoas e o Rio Grande do Norte com tendências crescentes com AAPC de 2,1 e 1,4, respectivamente. Apenas o Ceará, com AAPC de – 0,9, apresentou redução. Sudeste e Sul apresentaram tendências decrescentes, sendo apenas o Espírito santo com tendência estacionária. O Centro-oeste apresentou tendência estacionária, possuindo apenas o Distrito Federal com tendência decrescente. Os achados corroboram com a literatura nacional que aponta diferenças entre estados e regiões no que diz respeito ao comportamento temporal da hanseníase. Embora os avanços notados na redução da detecção da hanseníase no Brasil, ela não ocorre da mesma forma e na mesma intensidade em todas as regiões e estados brasileiros. O padrão estacionário em muitos lugares sugere manutenção da endemia.

Palavras-chaves:  Epidemiologia , Hanseníase , Bioestatística , Informática médica