Paracoccidioidomicose tireoidiana: um relato de caso |
Introdução : O fungo Paracoccidioides brasiliensis é o agente etiológico da Paracoccidioidomicose (PCM), doença endêmica granulomatosa prevalente na maior parte da América Latina com inúmeras apresentações clínicas que podem ser agudas ou crônicas. A forma crônica é a mais prevalente em homens, trabalhadores rurais que apresentam maior exposição ao fungo do solo. Existem poucos casos descritos de manifestação tireoidiana de Paracoccidioidomicose, sendo a maioria achados acidentais em autópsia. Relato : C.C, 51anos, masculino, trabalhador rural, procedente de Carlinda- MT, com diagnóstico de PCM disseminada há cerca de 1 ano e meio após drenagem de abscessos em regiões talâmica direita, com acometimentos hepático e adrenal. Fez uso de Anfotericina B convencional, Bactrim e subdoses de Itraconazol. Durante a investigação de disfagia e perda ponderal, foi solicitado uma tomografia computadorizada de tórax que evidenciou uma nodulação calcificada em lobo esquerdo de tireoide; investigado, apresentava função tireoidiana normal. Realizado punção aspirativa por agulha fina (PAAF), com citologia evidenciando material constituído por colóide, presença de blocos de células foliculares em meio a estroma, contendo estruturas esféricas com coloração de Ácido Periódico de Schiff (PAS) positivo, de permeio, compatível com o fungo paracoccidioides; ausência de células neoplásicas na amostra, concluindo-se pelo diagnóstico de PCM em tireoide. No momento o paciente está em uso de Bactrim, com proposta de tratamento por 24 meses. Conclusão : Em pacientes com PCM disseminada deve-se sempre investigar a presença de manifestações menos comuns. Um exame clínico atento e avaliação por exames complementares de diferentes funções, podem levar à detecção de apresentações menos comuns, como a aqui relatada de tireoide, entre outras. Um tratamento correto e com o devido acompanhamento pode restabelecer todas as funções alteradas pela presença das múltiplas complicações da doença. |