Avaliação bioquímica da proteína GSTE2 de uma linhagem de Aedes aegypti resistente ao temephos, Pernambuco, Brasil.
ELISAMA HELVECIO 1, TATIANY PATRÍCIA ROMÃO POMPÍLIO DE MELO1, ANA PATRÍCIA SILVA DE OLIVEIRA1, PATRÍCIA MARIA GUEDES PAIVA1, THIAGO HENRIQUE NAPOLEÃO1, GABRIEL WALLAU1, MARIA ALICE VARJAL DE MELO SANTOS1, CONSTÂNCIA FLÁVIA JUNQUEIRA AYRES 1
1. IAM - Instituto Aggeu Magalhães, 2. UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
elisama_helvecio@hotmail.com

As enzimas detoxificadoras glutationa S-transferases (GSTs) exercem um papel importante no metabolismo de xenobióticos em insetos. Dentre as seis classes de GSTs existentes, a classe Epsilon (E) é exclusiva de artrópodes e está associada à resistência metabólica aos inseticidas químicos, principalmente a GSTE2, que exerce protagonismo na resistência ao DDT em Anopheles gambiae . Este trabalho objetivou avaliar as propriedades bioquímicas das proteínas GSTE2 recombinantes obtidas a partir de duas linhagens de Aedes aegypti com diferentes perfis de susceptibilidade ao organofosforado temephos: uma susceptível (RecL) e outra resistente (RecR), com razão de resistência de 250x. A GSTE2 RecR (resistente) difere da GSTE2 RecL (susceptível) por apresentar mutações exclusivas em sua sequência de aminoácidos ( S111L, I150V, E178A, A198E ) cujo papel destas,  na atividade catalítica das enzimas, está sendo investigado. As proteínas recombinantes foram produzidas em E. coli e ensaios bioquímicos foram realizados com o substrato CDNB e medidos por espectrofotometria. A estrutura terciária das GSTE2s foi avaliada, por espectrofluorometria, utilizando o triptofano e o bis-ANS como sonda. A modelagem in silico dos aminoácidos das duas proteínas também foi resolvida. Os resultados mostraram que ambas as enzimas recombinantes apresentaram atividade catalítica para o substrato CDNB. A GSTE2 RecL apresentou uma maior afinidade de ligação para esse substrato ( ¯ K m ). A GSTE2 RecR atingiu uma maior V max . A eficiência catalítica das duas enzimas (k cat / K m ) foi similar. A avaliação da estabilidade da atividade catalítica de GSTE2 RecL e GSTE2 RecR frente ao aquecimento, revelou que ambas enzimas foram estáveis, pois não há uma diminuição significativa da atividade enzimática dessas proteínas. Quanto a estrutura terciária, os resultados mostram que a intensidade de fluorescência das duas sondas para GSTE2 RecL foi cerca de 5 vezes maior que para GSTE2 RecR, indicando que as duas proteínas apresentam diferenças na estrutura terciária. A modelagem mostrou que a mutação L111S alterou a orientação do seu aminoácido adjacente R112, localizado no pocket catalítico de GSTE2. Esses dados sugerem que a GSTE2 pode desempenhar um papel relevante na resistência metabólica ao temephos em Ae. aegypti . Esse trabalho sugere que GSTE2 pode ser um alvo promissor para auxiliar no desenvolvimento de novos inseticidas e de métodos de diagnóstico de resistência em campo.

Apoio: FIOCRUZ, FACEPE e CNPq.



Palavras-chaves:  Aedes aegypti, GSTE2, resistência, temephos