Avaliação bioquímica da proteína GSTE2 de uma linhagem de Aedes aegypti resistente ao temephos, Pernambuco, Brasil.
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As enzimas detoxificadoras glutationa S-transferases (GSTs) exercem um papel importante no metabolismo de xenobióticos em insetos. Dentre as seis classes de GSTs existentes, a classe Epsilon (E) é exclusiva de artrópodes e está associada à resistência metabólica aos inseticidas químicos, principalmente a GSTE2, que exerce protagonismo na resistência ao DDT em Anopheles gambiae . Este trabalho objetivou avaliar as propriedades bioquímicas das proteínas GSTE2 recombinantes obtidas a partir de duas linhagens de Aedes aegypti com diferentes perfis de susceptibilidade ao organofosforado temephos: uma susceptível (RecL) e outra resistente (RecR), com razão de resistência de 250x. A GSTE2 RecR (resistente) difere da GSTE2 RecL (susceptível) por apresentar mutações exclusivas em sua sequência de aminoácidos ( S111L, I150V, E178A, A198E ) cujo papel destas, na atividade catalítica das enzimas, está sendo investigado. As proteínas recombinantes foram produzidas em E. coli e ensaios bioquímicos foram realizados com o substrato CDNB e medidos por espectrofotometria. A estrutura terciária das GSTE2s foi avaliada, por espectrofluorometria, utilizando o triptofano e o bis-ANS como sonda. A modelagem in silico dos aminoácidos das duas proteínas também foi resolvida. Os resultados mostraram que ambas as enzimas recombinantes apresentaram atividade catalítica para o substrato CDNB. A GSTE2 RecL apresentou uma maior afinidade de ligação para esse substrato ( ¯ K m ). A GSTE2 RecR atingiu uma maior V max . A eficiência catalítica das duas enzimas (k cat / K m ) foi similar. A avaliação da estabilidade da atividade catalítica de GSTE2 RecL e GSTE2 RecR frente ao aquecimento, revelou que ambas enzimas foram estáveis, pois não há uma diminuição significativa da atividade enzimática dessas proteínas. Quanto a estrutura terciária, os resultados mostram que a intensidade de fluorescência das duas sondas para GSTE2 RecL foi cerca de 5 vezes maior que para GSTE2 RecR, indicando que as duas proteínas apresentam diferenças na estrutura terciária. A modelagem mostrou que a mutação L111S alterou a orientação do seu aminoácido adjacente R112, localizado no pocket catalítico de GSTE2. Esses dados sugerem que a GSTE2 pode desempenhar um papel relevante na resistência metabólica ao temephos em Ae. aegypti . Esse trabalho sugere que GSTE2 pode ser um alvo promissor para auxiliar no desenvolvimento de novos inseticidas e de métodos de diagnóstico de resistência em campo. Apoio: FIOCRUZ, FACEPE e CNPq. |