INFESTAÇÕES POR CARRAPATOS EM SERES HUMANOS E HABITAÇOES HUMANAS EM TRÊS CIDADES DO ESTADO DO PARANÁ |
Carrapatos duros (Acari: Ixodidae) são artrópodes hematófagos com reconhecida importância na Medicina e Medicina Veterinária devido, principalmente, à sua capacidade vetorial para transmissão de patógenos. Embora a infestação por carrapatos em animais selvagens e domésticos seja comum, relatos em humanos são subestimados. O presente resumo tem por objetivo relatar os casos de infestações por carrapatos em humanos e também em habitações humanas, em cidades do Estado do Paraná. Entre os anos de 2016 a 2017, o Laboratório de Doenças Transmitidas por Vetores, da Universidade Federal do Paraná, recebeu cerca de 2.509 carrapatos para identificação de espécies. Desse total, 94 (3,74%; CI: 3.07-4.56) foram coletados diretamente de seres humanos ou de habitações humanas. Uma ninfa da espécie Amblyomma dubitatum foi coletada diretamente de uma pessoa na cidade de Pinhais e dois espécimes de A. sculptum (1 macho e 1 fêmea) foram coletados diretamente de uma pessoa na cidade de Foz do Iguaçu. Em relação a habitações humanas, A. aureolatum (1M) foi encontrado na cama de uma residência no bairro de Santa Felicidade, em Curitiba e cerca de 91 carrapatos da espécie Rhipicephalus sanguineus sensu lato (s.l.) (46 M, 23 F e 22 larvas) foram coletados no muro de uma casa no bairro Cajuru, Curitiba. Destaca-se que as pessoas encontradas infestadas por A. dubitatum e A. sculptum , encontravam-se em uma fazenda com presença de capivaras ( Hydrachoerus hydrachaeris ) e em um recinto onde permaneciam antas ( Tapirus terrestris ), respectivamente. O carrapato da espécie A. aureolatum já foi relatado infestando seres humanos no Estado do Paraná e possui importância em saúde pública, uma vez que possui alta competência vetorial para transmissão de Rickettsia ricketsii . Carrapatos R. sanguineus (s.l.), popularmente conhecidos como “carrapato do cão”, foram encontrados infestando de forma intensa os muros e as paredes de uma residência na cidade de Curitiba. Embora nenhum morador da casa estivesse infestado no momento da coleta, os mesmos relataram que episódios já haviam ocorrido. As interações entre humanos, animais e ambiente podem favorecer a infestação e dispersão de carrapatos e, consequentemente, o risco de transmissão de patógenos de potencial zoonótico. |