NEUROPARACOCCIDIODOIMICOSE: RELATO DE UM CASO EM REGIÃO ENDÊMICA NO BRASIL
IGOR VALADARES SIQUEIRA 1, MARIANA PEREIRA HAMAJI1, ANAMARIA MELLO MIRANDA PANIAGO1, CAROLINE FRANCISCATO1
1. UFMS - Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, 2. HUMAP - Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian
igorvaladares@gmail.com

Paracoccidiodoimicose (PCM) é a micose sistêmica endêmica mais importante da América Latina, tendo o Brasil um grande número de casos. O fungo acomete principalmente pulmões e pele, sendo mais frequente em homens procedentes da zona rural, podendo acometer o sistema nervoso central raramente. Relata-se um caso de neuroparacoccidioidomicose atendido no Hospital Universitário da UFMS, Campo Grande-MS: paciente homem de 50 anos, há dois anos apresentava linfadenomegalias em cadeia cervical direita, seguido de acometimento de cadeias axilares, inguinais e epitrocleares, que evoluíram com fistulização de secreção purulenta, febre, anorexia e perda ponderal de aproximadamente 15 kg. Queixava-se também de odinofagia e fraqueza ao ortostatismo. Ao exame físico encontrava-se consciente e orientado. À oroscopia observou-se lesões moriformes em língua e lábio inferior. Apresentava pupilas isocóricas e fotorreagentes, força motora, sensibilidade, coordenação e reflexos osteo-tendinosos preservados e normais. Por queixar-se de perda de visão intermitente foi solicitado tomografia computadorizada (TC) de crânio que mostrou lesão hiperdensa acometendo tronco cerebral e o pedúnculo cerebelar à direita com edema adjacente, estendendo-se para as regiões supracitadas, com realce do meio de contraste medindo 3,5 x 2,5 cm nos seu maiores eixos. TC de tórax com infiltrado intersticial retículo nodular difuso com presença de nódulos escavados. A pesquisa direta de fungos, feita a partir de fragmento de linfonodo, revelou presença de Paracoccidoides ssp (++) pelos métodos de hidróxido de potássio. As sorologias para P. brasiliensis e P. lutzii foram não reagentes. A pesquisa de BAAR no escarro e anti-HIV negativos. O paciente foi diagnosticado com PCM crônica grave, com acometimento de linfonodos, boca, faringe, laringe, pulmões e sistema nervoso central. Iniciou sulfametoxazol 2.400mg/ trimetoprina 480mg ao dia, por via oral. O paciente evoluiu com melhora clínica, desaparecimento dos sintomas, recuperação do peso perdido e segue em acompanhamento ambulatorial. Comprometimento de SNC na PCM é raro e deve ser cuidadosamente investigado em pacientes com acometimento de outros órgãos na PCM.



Palavras-chaves:  Neuroparacoccidiodoimicose, Paracoccidiodoimicose, Sistema nervoso central