PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ÓBITOS POR CHIKUNGUNYA NO ESTADO DO CEARÁ: 2016 E 2017 |
O chikungunya é um RNA vírus da família Togaviridae, gênero Alphavirus, descrito pela primeira vez em 1950 na região que corresponde à Tanzânia. Nas Américas a letalidade por chikungunya é menor do que a observada por dengue. Já no Brasil, o número de óbitos por chikungunya é alto, e a letalidade mostra-se maior que a observada nas Américas. Acredita-se que isto ocorra em razão do número subestimado de casos da doença. O trabalho objetiva descrever as características dos óbitos por chikungunya no estado do Ceará nos anos de 2016 e 2017. Foi realizado um estudo transversal descritivo com levantamento dos dados dos óbitos no Ceará nos anos de 2016 e 2017 através do SINAN. Os dados foram tabulados pelo Stata 11.2. Foram descritas variáveis sóciodemográficas e epidemiológicas dos óbitos confirmados por chikungunya. Do total de 215 óbitos analisados, 52% foram do sexo masculino; nenhum caso do sexo feminino era gestante; 72,5% dos óbitos ocorreu na faixa etária acima de 60 anos. Transmissão autóctone foi constatada em 80,7%. As características clínicas mais freqüentes foram: febre (94,9%), artralgia (72,1%), mialgia (61,9%) e cefaléia (44,6%). Das comorbidades associadas 36,7% tinham hipertensão, 22,8% diabetes e 7% correspondiam ao somatório de outras comorbidades. Dos óbitos que tiveram sorologia para IgM, 85,3% apresentaram amostra reagente na 1º coleta com confirmação diagnóstica laboratorial em 85,1%. Foram hospitalizados 81,7% dos óbitos. Apresentação clínica aguda aconteceu em 96,3% dos casos. Os dados permitem observar que o vírus se apresenta bem instalado às condições ambientais do Ceará com transmissão predominantemente autóctone. Os óbitos ocorreram com maior frequência em idosos. A presença de comorbidades é considerada fator de risco para o aumento da gravidade da doença e a causa da morte pode estar associada ao agravamento da condição pregressa. O grande número de internações levanta a hipótese de que as condutas prévias foram tardias e não eficazes. As características clínicas da doença foram semelhantes às já descritas. A utilização da sorologia IgM é um método difundido como parâmetro laboratorial de confirmação diagnóstica. Portanto os óbitos por chikungunya no estado do Ceará nos anos de 2016 e 2017 corresponderam a pessoas que adoeceram no próprio estado, de ambos os gêneros, sobremaneiramente de idade avançada, a maior parte portadora de hipertensão e diabetes e que cursavam a fase aguda da doença. |