CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA HANSENÍASE E SUAS SEQUELAS: ANÁLISE DAS INTERNAÇÕES NAS CINCO REGIÕES DO BRASIL |
A análise das características das internações em decorrência da Hanseníase pode desvendar importantes aspectos da transmissão e do tratamento dessa doença infecciosa, bem como permite sinalizar para a necessidade de qualificação dos serviços de saúde. Objetivou-se descrever o perfil das internações por hanseníase e suas sequelas no Brasil entre 2008 a 2017. Estudo epidemiológico, descritivo, transversal. Este estudo envolve a morbidade hospitalar do SUS, por local de internação no Brasil e recorte temporal de 2008 a 2017. Os dados foram extraídos do Sistema de Informações Hospitalares (SIH). Foram variáveis de análise: número de internações, custo total e médio das internações, sexo, cor/raça, faixa etária, valor total dos serviços hospitalares, caráter de atendimento, óbitos e taxa de mortalidade. Após a tabulação, procedeu-se análise estatística descritiva simples. Por utilizar dados de domínio público, dispensa-se autorização do Comitê de Ética em Pesquisa. Ocorreram 50.394 internações nas cinco regiões brasileiras, sendo 28,81% (n=14.313) dos casos notificados na Região Nordeste. Em seguida, o Sul do país contabilizou 21,09% (n=10.629) das internações. A Região Norte foi a que teve menor número de internações (14,19%, n=7.151). Em relação às características demográficas, 64,80% (n=32.651) das internações corresponderam ao sexo masculino, e 35,20% (n=17.743) ao sexo feminino. A cor branca foi a que teve maior destaque (25,90%, n=13.056), bem como os 16.936 casos (33,60%) nos quais essa informação não foi preenchida. Quanto à faixa etária, destacam-se os sujeitos com idade entre 50-59 anos (n=9.312); em seguida, aqueles entre 40-50 anos (n=8.461). O custo total entre as cinco regiões foi de R$ 35.827.732,08, sendo uma média de R$ 710,95 por internação. Sobre o caráter do atendimento, 67,02% (n=33.779) foram internações de urgência e 36,34% (n=18,316) eletivas. Acerca dos óbitos, foram notificados 641 casos, tendo a Região Nordeste com 37,44% dos óbitos (n=240). A taxa de mortalidade geral no Brasil foi de 1,27. Os números encontrados sugerem a necessidade de ampliar a rede de atenção à hanseníase, com o intuito de viabilizar diagnóstico e tratamento precoce da infecção, diminuindo suas sequelas. Conclui-se que as internações analisadas destacam-se nas regiões nordeste e sudeste, homens, brancos, apresentam custo elevado e caráter de urgência. Destaca-se a relevância dos dados para vigilância em saúde da Hanseníase no Brasil. |