INFECÇÕES CUTÂNEAS E DE PARTES MOLES ASSOCIADAS À APLICAÇÃO DE SILICONE INDUSTRIAL EM PACIENTE HIV POSITIVO: RELATO DE CASO
VICTOR FERNANDO DA SILVA LIMA1, ARTHUR GABRIEL ALVES FURTADO DE CARVALHO NOYA 1, YASMIM FERBER COREZZI PINHEIRO1, THIAGO AUGUSTO MACIEL1, IVELISE FHRIDERAID ALVES FURTADO DA COSTA1
1. UPE - Universidade de Pernambuco
arthurnoya17@gmail.com

Infecções cutâneas e de partes moles são causadas por invasões microbianas de camadas da pele e tecidos profundos, nos quais induz-se resposta hospedeiro-invasor, e cujo diagnóstico é essencialmente construído à presença de sinais flogísticos. Imunossupressão, doenças cardiovasculares ou pulmonares e diabetes mellitus são comorbidades que dificultam o prognóstico do quadro. No presente estudo é relatada S.S.S, mulher trans, 47 anos, profissional doméstica, relato de relações sexuais com múltiplos parceiros, natural de Recife-PE, com queixas de inchaço e dor em queimação no M.I. esquerdo. Antecedentes incluem aplicação ilícita de silicone industrial em seios, glúteos, coxas, joelhos e boca (1998); soropositiva (HIV), diagnosticada em 2006, e com tratamento interrompido voluntariamente há 5 anos (2013), período no qual referiu progressão temporal de lesões de pele caracterizadas por pápulas, ascendentes, confluentes, hiperpigmentadas, indolores, acompanhadas de edema assimétrico em MMII, mais intenso em MIE, por todo seu comprimento, com lesão infiltrada em região anterior da coxa esquerda, com sinais flogísticos. Em Março de 2018, retomou tratamento com TARV e manifestou tontura, astenia e piora das lesões da pele, motivando variação da terapia (TDF + 3TC + ATV/r), todavia evoluindo com intensidade do edema em MIE, a somar cefaleia, febre e calafrios. Em Abril, durante nova internação, USG de MIE evidenciou presença de material hiperecogênico, produzindo forte sombra acústica posterior, e comprometendo as partes moles da coxa e da perna - sendo mais observado no tecido celular subcutâneo, com infiltração de planos musculares profundos. Para estudo terapêutico foram solicitadas Contagem de CD4 e CD8 - 418 (19,72%) para CD4 e 1090 (52,19%) para CD8, com razão CD4/CD8 de 0,38, CD45+ em 2088; e carga viral de 279 cópias/mL. O diagnóstico final consistiu em Linfangite/Celulite secundária ao implante de silicone industrial, sendo o tratamento baseado em uso de analgésicos endovenosos, antiinflamatórios corticosteróides e antibióticos sistêmicos (além de TARV sustentada), progredindo com melhora significativa e alta semanas depois. Nessa perspectiva, aponta-se uma evolução grave e de complexo prognóstico sobre aplicações de silicone, retratando que o uso desta substância, mesmo guarnecido por experiência médica, deve ter um contexto de motivações e impactos bem esclarecidos.

Palavras-chave: Celulite, HIV, Pessoas Transgênero, Silicones.



Palavras-chaves:  Celulite, HIV, Pessoas Transgênero, Silicones