DOENÇA DE WEIL E COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA, UMA ASSOCIAÇÃO INSÓLITA EM RELATO
ARTHUR GABRIEL ALVES FURTADO DE CARVALHO NOYA1, IVELISE FHRIDERAID ALVES FURTADO DA COSTA1, HILDEGARD NAARA ALVES FURTADO DA COSTA1, JOÃO TEOBALDO DIAS DA COSTA1, FERNANDA BEATRIZ DANTAS DE FREITAS1
1. UPE - Universidade de Pernambuco, 2. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 3. UFCG - Universidade Federal de Campina Grande
arthurnoya17@gmail.com

A Doença de Weil traduz a expressão clínica mais grave da Leptospirose, e manifesta não apenas sintomas infecciosos inespecíficos, mas um quadro clássico de icterícia, associado a fenômenos hemorrágicos, disfunções renais e pulmonares. Em raros casos, o tecido sanguíneo acometido desenvolve Coagulação Intravascular Disseminada (CID), que dificulta sobremaneira o prognóstico da doença. O presente estudo relata A.C.P.R., parda, 23 anos, do lar, natural de Sumé-PB, admitida em 19/08/16 no Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC) com queixas de dor abdominal difusa, em queimação, êmese e oligúria há 1 semana. Antecedentes incluem banhos em açudes na região, e acesso a água potável, saneamento básico e coleta de lixo. Ao exame físico geral: estado geral ruim, consciente, desorientada, hipocorada (2/4+), ictérica (3/4+), desidratada e febril (38,2°C). Das alterações no aparelho respiratório, têm-se taquipneia (FR: 24 ipm) e murmúrios vesiculares diminuídos em base de hemitórax esquerdo. Ao exame abdominal: globoso, com ruídos hidroaéreos diminuídos, doloroso à palpação superficial e profunda (sem resposta à descompressão brusca), e fígado a 2cm do rebordo costal. O hemograma realizado no mesmo dia evidenciou anemia microcítica grave, leucocitose elevada com desvio à esquerda, e achados de icterícia colestática importante (relevância clara da fração direta), provável dano hepático (perda proteica moderada e uremia elevada), insuficiência renal aguda e distúrbio eletrolítico razoável (hipercreatininemia e hipopotassemia). A suspeita de uma coagulopatia adquirida também foi levantada, com resultados de TP e TTPA prolongados, em associação à trombocitopenia grave e à presença de esquizócitos e macroplaquetas. A Gasometria arterial 24h após admissão flagrou alcalose respiratória compensada. Durante internação, as sorologias foram negativas para HIV 1 e 2, Toxoplasmose e Dengue; e positiva para Leptospirose (IgM). O tratamento de início abordou esquema empírico de antibióticos, hidratação endovenosa e transfusões de hemácias e plasma, mas sem resposta satisfatória, o que resultou em transferência à UTI 4 dias depois – com terapia adicional de hemodiálise e suporte ventilatório invasivo. 20 dias seguintes, a paciente vem a óbito por falência múltipla de órgãos, com diagnóstico comprovado de Leptospirose e indicativo de coagulopatia adquirida – CID (com escore ISTH de 4-5 pontos). Palavras-chave: Coagulação Intravascular Disseminada; Doença de Weil; Leptospirose.



Palavras-chaves:  Coagulação Intravascular Disseminada, Doença de Weil, Leptospirose