TAXA DE DETECÇÃO DO TRACOMA ENTRE ESCOLARES DO ESTADO DE PERNAMBUCO NO ANO DE 2016 |
Apesar de ser conhecido milenarmente, o tracoma continua sendo um importante problema de saúde pública e a principal causa de cegueira prevenível no mundo, considerado pelas organizações internacionais da área da saúde como uma doença negligenciada. Em Pernambuco, desde 2011, o tracoma é considerado como doença prioritária por meio do Programa de Enfrentamento às Doenças Negligenciadas – Programa Sanar. Este estudo teve como objetivo estimar a taxa de detecção do tracoma em escolares de 4 a 15 anos da rede pública de ensino de 32 municípios de Pernambuco no ano de 2016. Trata-se de um estudo descritivo no qual foi realizado inquérito escolar amostral do tracoma em 32 municípios do estado. Foi realizado o exame ocular externo com lupa (2,5x), após autorização do responsável, por examinadores treinados para detectar a presença de sinais clínicos de tracoma. Foram examinados 24.228 escolares em 81 escolas públicas. Desses, 896 casos positivos foram detectados, o que resultou numa taxa de detecção (TD) de 3,7%, sendo todos de tracoma inflamatório. Em 9 municípios foi encontrada TD maior que 5%. Foram encontrados em três municípios (Abreu e Lima, Feira Nova e Camutanga) TD maior que 5% nos escolares menores de 10 anos. Todos os casos diagnosticados foram tratados com azitromicina na dose 20mg/kg em dose única, bem como os contatos domiciliares. A Organização Mundial da Saúde considera que a doença está sob controle quando a TD de tracoma ativo em crianças menores de 10 anos encontra-se abaixo de 5%. Apesar da TD encontrada entre os escolares ter sido de 3,7%, três municípios, localizados na região metropolitana e zona da mata, apresentaram TD maiores que 5%, resultados que condizem com a realidade apontada pela literatura que cita as crianças menores de 10 anos mais susceptíveis à doença. Este estudo evidencia a presença de casos de tracoma em Pernambuco e a possibilidade de disseminação da doença na população escolar. Os achados apontam para a necessidade de ações de educação em saúde nas escolas e localidades endêmicas, visando à prevenção da doença através de melhorias de higiene pessoal e familiar, melhorias na qualidade de vida dessas pessoas assim como incluir a vigilância do tracoma na rotina das equipes de saúde dessas áreas. |