EVOLUÇÃO DA FIBROSE PERIPORTAL EM PACIENTES COM ESQUISTOSSOMOSE CRÔNICA NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE PERNAMBUCO – UFPE
CARLA MARIA MOLA DE VASCONCELOS 1, FABIANA LETICIA DA SILVA1, SILVIA MARIA LUCENA MONTENEGRO1, ALAIN DESSEIN1, HELIA DESSEIN1, VALÉRIA PEREIRA HERNANDES1, ANA LÚCIA COUTINHO DOMINGUES1
1. PPGIT/UFPE - Programa de Pós-Graduação em Inovação Terapêutica/Universidade Federal de Pernambuco, 2. IAM/FIOCRUZ - Instituto Aggeu Magalhães/Fundação Oswaldo Cruz, 3. INSERM/FRANCE - Aix-Marseille Université, 4. HC/UFPE - Hospital das Clínicas de Pernambuco
mola.carla@gmail.com

A esquistossomose mansônica é uma doença negligenciada que ainda apresenta grande incidência no Brasil, especialmente no estado de Pernambuco. Embora sua prevalência está sendo reduzida no Brasil nos últimos anos, ainda se estima cerca de 500 mortes/ano em decorrência da esquistossomose, um terço destas ocorrendo em Pernambuco. A fibrose periportal (FPP) é frequentemente observada em diferentes níveis de intensidade em pacientes com esquistossomose crônica. Estudos mostram que aproximadamente 2-8% desses pacientes podem evoluir para a forma mais grave da fibrose hepática, na qual podem apresentar hepatoesplenomegalia, ascite, hemorragia digestiva alta (HDA) e hipertensão arterial pulmonar (HAP), e que em alguns casos podem resultar em óbito. O objetivo do estudo é analisar a evolução da morbidade da esquistossomose através das características clínicas e padrões de FPP usando a classificação de Niamey por US abdominal, acompanhados em Hospital de referência em Pernambuco. Foram atendidos 1394 pacientes com esquistossomose no período entre os anos de 2010 a 2017 no Hospital das Clínicas da UFPE. A mediana de idade foi de 60 (46 – 68) anos, sendo 799 (57,3%) e 595 (42,7%) do sexo feminino e masculino, respectivamente. A FPP leve (padrões C, C+ e D) foi encontrada em 741 (53,1%) pacientes e a FPP significativa (padrões D+, E e F) em 653 (46,9%) pacientes. Em relação as características clínicas, 103 (7,4%) pacientes apresentaram ascite, 433 (31,1%) esplenomegalia, 449 (32,2%) relataram 1 ou mais episódios de HDA, 47 (3,4%) desenvolveram HAP e 329 (23,6%) foram esplenectomizados. Do total de pacientes, 621 pacientes foram acompanhados por US por período igual ou superior a dois anos, possibilitando a avaliação da evolução da FPP. 142 (22,9%) pacientes apresentaram diminuição da FPP, 87 (14%) pacientes aumentaram a FPP e 392 (63,1%) pacientes permaneceram com padrão de FPP inalterado. Os dados sugerem que fatores, como: tempo de exposição a água contaminada, tratamento da esquistossomose, associação a outras doenças hepáticas (HCV, HBV, alcoolismo e esteatose), idade e sexo, como influenciadores na evolução da FPP em pacientes com esquistossomose mansônica. O estudo mostra a prevalência ainda alta de casos crônicos de esquistossomose no estado de Pernambuco, havendo manutenção da fibrose hepática na maioria dos pacientes acompanhados.

Palavras-chaves:  Esquistossomose, Fibrose hepática, Morbidade, Ultrassonografia