RELATO DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA DE APRESENTAÇÃO ATÍPICA
MARINA PALHANO DE ALMEIDA 1, PEDRO PAULO COUTINHO COSTA1, FÁBIO FRANCESCONI1, FERNANDA LETÍCIA MICKUS RODRIGUES1, AMANDA ARAÚJO DE MOURA1, HÉLIO JOSÉ NASCIMENTO JUNIOR1, GIOVANNA LABOISSIÈRE ABREU1
1. UFAM - Universidade Federal do Amazonas, 2. FMT-HVD - Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado
marinapalhano6@gmail.com

A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma infecto-parasitose humana capaz de produzir amplo espectro de lesões. Tal complexidade permite que, em alguns casos, o diagnóstico clínico seja demorado. Na LTA, em geral, a lesão primária é única, embora múltiplas picadas do flebotomíneo ou a disseminação local possam gerar múltiplas lesões. Objetiva-se relatar caso de LTA de difícil diagnóstico em centro de referência em Manaus/AM. Paciente masculino, 38 anos, procedente de área rural de Manaus, extrativista vegetal, foi atendido na instituição em 2015 referindo que, em 2014, surgiram três bolhas de conteúdo seroso em face extensora de membro superior direito, acompanhadas de prurido, dor e disestesia, que evoluíram para úlceras de fundo granuloso, bordas levemente elevadas que drenavam exsudato seroso. Suspeitou-se de LTA, micobacteriose (tuberculosa ou atípica) ou micose subcutânea. A biópsia evidenciou infiltrado inflamatório tipo granulomatoso com células epitelióides, linfócitos, histiócitos, a par de necrose tipo caseificação e BAAR negativo. A pesquisa de amastigota por escarificação foi negativa. Neste período foi diagnosticado com HIV e iniciou tratamento antirretroviral. Repetiu-se os mesmos exames anteriores, que apresentaram resultados idênticos. Frente aos achados, a hipótese principal passou a ser de micobacteriose atípica. Paciente então recebeu alta com COXCIP 4 (rifampicina, isoniazida, pirazinamida, etambutol) e claritromicina, medicamentos usados por 6 meses, evoluindo em acompanhamento ambulatorial com cicatrização progressiva das úlceras. Paciente retorna em 2018, referindo surgimento de novas lesões próximas às cicatrizes (pequenas placas com depressão central e bordas infiltradas). Devido ao reaparecimento, reavaliou-se o diagnóstico. A pesquisa de amastigotas foi novamente solicitada, finalmente com resultado positivo para LTA. Iniciou-se, em maio de 2018, tratamento com Pentamidina, estando o paciente em acompanhamento ambulatorial evoluindo com regressão gradual das lesões e sem surgimento, até o momento, de novas. É provável que os primeiros exames diagnósticos de LTA tenham sido negativos devido ao longo tempo de evolução do quadro (superior a 6 meses) até a procura por atendimento médico. Portanto, o caso descrito reforça a multiplicidade de formas de apresentações clínicas da LTA, assim como a inespecificidade do histopatológico e a dificuldade em se evidenciar a presença de amastigotas no exame direto em casos arrastados.



Palavras-chaves:  apresentação atípica, leishmaniose, relato de caso