FOGO SELVAGEM NO AMAZONAS: RELATOS DE CASO EM ÁREA ENDÊMICA
MARINA PALHANO DE ALMEIDA 1, PEDRO COSTA1, FÁBIO FRANCESCONI1, ALINE MONÇALE1, HÉLIO JOSÉ NASCIMENTO JUNIOR 1, GIOVANNA ABREU1
1. UFAM - Universidade Federal do Amazonas, 2. FMT-HVD - Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado
marinapalhano6@gmail.com

O fogo selvagem (FS) foi reportado no Brasil, pela primeira vez, como uma micose superficial em 1903. No início, abrangia só a região sudeste, mas hoje compreende também o centro-oeste e norte. Incide mais em jovens e crianças que vivem próximos a córregos e rios, em áreas rurais e em algumas tribos indígenas. Considerando-se que a região norte é repleta destas, objetiva-se relatar três casos clínicos de FS nessa população vulnerável no Amazonas. O caso 1 refere-se a uma paciente, 19 anos, que apresentava, em um quadro clínico inicial, múltiplas bolhas flácidas, que rapidamente evoluíram para erosões, exsudativas, de fundo levemente eritematoso, dolorosas, pruriginosas, algumas acompanhadas de crostas, que se estendiam desde a face, couro cabeludo, orelhas, até tronco e membros superiores. O quadro foi estabilizado com uso de Prednisona por 6 meses e a mesma encontra-se em seguimento ambulatorial. O caso 2 é de um menino, de 17 anos com bolhas seguidas de erosões e crostas, localizadas em face, couro cabeludo, tronco, dorso e membros, algumas drenando secreção purulenta. Iniciado terapêutica com prednisona, porém devido a refratariedade ao tratamento, foi prescrito pulsoterapia com metilprednisolona. Paciente está em acompanhamento ambulatorial. O caso 3 é de uma adolescente, 10 anos, com eritrodermia descamativa, cuja a associação anatomoclínica sugeriu diagnóstico de pênfigo foliáceo (PF). Iniciou-se tratamento com prednisolona, seguido de pulsoterapia com metilprednisolona. Nos três casos, o diagnóstico de PF foi dado por biópsia que demonstrou presença de acantólise focal em epiderme com células acantolíticas e imunofluorescência positiva para IgG e IgA. Todos os casos evoluíram com eritrodermia (condição inflamatória cutânea caracterizada por eritema e descamação em 90% ou mais da superfície corporal), em algum momento da doença, afirmando a dificuldade em estabilizar esse subtipo clínico. O fogo selvagem (forma endêmica do pênfigo foliáceo) é uma doença dérmica bolhosa, autoimune, caracterizada pelo ataque de autoanticorpos contra a desmogleína 1, levando a acantólise na camada granulosa da epiderme.É caracterizado por bolhas e vesículas superficiais, de fácil ruptura e presença de sinal de Nikolsky, erosões e crostas. Conclui-se que a epidemiologia deve ser considerada e valorizada em casos de pênfigo, especialmente quando presente a forma eritrodérmica.



Palavras-chaves:  endêmico, indígena, pênfigo