AVALIAÇÃO DE FATORES ASSOCIADOS AOS FOCOS DE RAIVA DOS HERBÍVOROS NO ESTADO DO CEARÁ – BRASIL, NOS ANOS DE 2015 A 2017.
JARIER DE OLIVEIRA MORENO 1, KELLYN KESSIENE SOUSA CAVALCANTE1, FRANCISCO RÓGER AGUIAR CAVALCANTE1, CLARICE PESSOA ALMEIDA1, AVATAR MARTINS LOUREIRO1, CARLOS HENRIQUE ALENCAR1
1. UFC - Universidade Federal do Ceará, 2. ADAGRI - Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará
jarier_vet@msn.com

A raiva é uma antropozoonose, caracterizada por uma encefalomielite viral aguda, tendo o morcego hematófago Desmodus rotundus como principal transmissor nos herbívoros, com risco potencial aos humanos. No Ceará, as ações de prevenção e controle são de responsabilidade do Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros. O objetivo do estudo foi verificar fatores associados aos focos de raiva dos herbívoros no estado do Ceará, 2015 a 2017. Realizou-se estudo transversal analítico, com coleta de dados dos Formulários de Investigação de doenças (FORM IN) e de exames para Síndrome Neurológica (FORM SN). Foram realizadas análises bivariadas, tendo como variável desfecho os casos positivos de raiva e variáveis preditoras: ano de notificação, município de ocorrência, origem da notificação, espécie animal acometida e idade dos animais. Foi utilizado o teste qui-quadrado para as variáveis categóricas e teste de Kruskal-Wallis para a variável quantitativa, a 5% de significância, sendo analisados pelo programa Stata® 11.2. O número de casos de raiva no ano de 2015 foi significativamente maior (66,1%) quando comparado a 2017 (32,6%; p<0,01). O total de municípios com um ou mais casos foi superior (55,6%) em relação aos municípios que não registraram casos (45,5%; p<0,01). As notificações por terceiros foram responsáveis por 50,68% dos casos, sendo significativamente maiores às notificações pelos produtores rurais (46,8%) e serviço veterinário oficial (13,7%; p<0,01%). A espécie caprina foi a mais acometida (100%) quando comparada à espécie bovina (53,7%), asinina (50,0%), ovina (50,0%), equina (18,8%) e morcego hematófago (7,0%; p<0,01%). A média de idade dos animais positivos foi menor (3,3 anos) do que nos animais negativos (5 anos; p=0,01). A partir de 2015, houve melhorias nas atividades de vigilância da raiva, o que refletiu na detecção de casos positivos em herbívoros. Houve epizootia de raiva nos municípios de Aurora (2015) e Crateús (2017), com aumento de amostras enviadas ao laboratório. As espécies ovina, caprina e asinina, embora com altos percentuais de positividade, tiveram número reduzido de amostras, quando comparado à espécie bovina. Animais jovens ficam confinados a noite, o que pode influenciar nas expoliações. As variáveis de estudo mostraram associação com casos positivos de raiva. Contudo, é necessário analisar outros fatores que possam estar associados, além de verificar o quanto essas variáveis podem influenciar no desfecho da raiva.



Palavras-chaves:  Associação, raiva, epidemiologia