TÉTANO ACIDENTAL: AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA DE ÓBITO EM EXTREMOS DE IDADE E MÉTODOS DE PREVENÇÃO |
O tétano acidental, doença infecciosa aguda não contagiosa causada por exotoxinas do Clostridium tetani , transmite-se via introdução de esporos em ferimentos superficiais ou profundos de qualquer natureza. Por tratar-se de doença com alta taxa de morbimortalidade, a prevenção é primordial. O objetivo é comparar, por estudo epidemiológico descritivo, o número de casos de óbito por tétano acidental em indivíduos ≤ 14 anos e naqueles ≥ 60 anos (idosos) nos períodos de 1997-2006 e 2007-2016. Realizou-se coleta de dados no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) referentes aos casos notificados de óbito por tétano acidental nos períodos de 1997-2006 e 2007-2016 em indivíduos ≤ 14 anos e idosos. Posteriormente, comparou-se os resultados de cada grupo. No período de 1997-2006 foram notificados 1.823 casos de óbito por tétano acidental, dos quais 106 (5,81%) ocorreram em ≤ 14 anos e 724 (39,71%) em ≥ 60 anos. Nos 10 anos subsequentes (2007-2016) notificaram-se 1.039 casos de óbito, dos quais 45 (4,33%) ocorreram no subgrupo jovem e 428 (41,19%) em idosos. A análise dos resultados permite concluir que a redução dos casos de óbito em ≤ 14 anos é algo esperado e deve-se ao sucesso da aplicabilidade do calendário vacinal brasileiro, no qual as crianças recebem toxóide tetânico aos 2, 4, 6, 15 e 48 meses de idade, aplicando-se reforço a cada 10 anos (inicialmente aos 14 anos). Em contrapartida, apesar do número absoluto de óbito em idosos ter reduzido em relação ao período inicialmente avaliado, observa-se aumento da incidência dos casos, de 39,71% para 41,19%. Tal aumento reflete possível falha da aplicação do esquema de condutas profiláticas em indivíduos expostos a ferimentos, principalmente em idosos tão vulneráveis a quedas, evento de alta prevalência nesse grupo populacional e que pode culminar em risco de infecção de soluções de continuidade pelo Clostridium tetani . Diante disso, é essencial que profissionais de saúde, principalmente em serviços de pronto-atendimento, atentem-se à adequada aplicação do esquema de condutas profiláticas de acordo com o tipo de ferimento e situação vacinal, avaliando necessidade do uso de métodos profiláticos com imunização antitetânica ativa e/ou passiva. Idosos, geralmente por desconhecer os métodos de prevenção, tornam-se vulneráveis à desatualização de cartão vacinal, evento de risco para infecção e morte decorrente de tétano acidental. |