VULNERABILIDADE DE IDOSOS À HEPATITE B: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA |
A hepatite B, causada pelo vírus VHB, transmite-se principalmente via contato direto com sangue ou outras secreções corporais. A apresentação clínica varia de assintomática ou oligossintomática à quadros de insuficiência hepática fulminante. Por tratar-se de infecção sexualmente transmissível, acredita-se que ocorra subdiagnóstico em população idosa exposta à maior vulnerabilidade. O objetivo é comparar, por estudo epidemiológico descritivo, o número de casos notificados de hepatite B em adultos de ambos os sexos nas faixas etárias de 20-59 e ≥ 60 anos (idosos), entre os anos de 1999-2011 e 2012-2016. Realizou-se coleta de dados no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) referentes ao número de casos de hepatite B nos períodos de 1999-2011 e 2012-2016 em homens e mulheres de 20-59 anos e idosos. Posteriormente, comparou-se os resultados para cada grupo avaliado. Em análise dos resultados, no período de 1999-2011 constatou-se 59.714 casos de hepatite B em indivíduos do sexo masculino de 20-59 anos, enquanto que entre 2012-2016 notificaram-se 37.354 (redução de 37,44%). Em contrapartida, nos homens idosos evidenciou-se 5.262 casos no período de 13 anos e 5.395 no período de 05 anos (aumento de 2,52%). Em relação ao sexo feminino, o subgrupo jovem teve 48.732 notificações no período de 13 anos e 30.697 nos 05 anos (redução de 37%). Na faixa das idosas houve um aumento de 3.439 casos no período de 13 anos para 3.689 nos 05 anos (aumento de 7,26%). A redução dos casos notificados de hepatite B na população de 20-59 anos é esperada, uma vez que se comparou período de tempo correspondente a menos da metade do período inicialmente avaliado. Adiciona-se a isso o sucesso da implantação da vacina no calendário vacinal brasileiro desde 1998, possibilitando a proteção em indivíduos mais jovens. Em contrapartida, o aumento dos casos de hepatite B nos idosos sugere a subnotificação dos casos no período inicialmente avaliado e a “invisibilidade sexual” desse grupo pelos profissionais de saúde, resultando em prováveis práticas preventivas ineficientes que aumentam a vulnerabilidade. Diante disso, o presente estudo infere a necessidade de planejamento e investimento em estratégias efetivas de rastreamento e prevenção na população idosa, subgrupo muitas vezes negligenciado por profissionais de saúde em razão de uma visão equivocada quanto à exposição dos mesmos a comportamentos de risco. |