VULNERABILIDADE DE IDOSOS À HEPATITE B: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA
RAISSA ARAGÃO GOMES DA CUNHA1, ALLAN MALHEIROS STOLTEMBERG1, ANA FLÁVIA DE OLIVEIRA GALVÃO1, CLARISSE VIEIRA DE ALMEIDA1, DANIELA MOLITOR DE SOUZA1, HENRIQUE EDUARDO ROMÃO ARBOÉS1, JORGE JOSÉ SOUSA PINTO1, ARIANE PEREIRA DOS SANTOS1
1. UNP - Universidade Potiguar, 2. HGT - Hospital Giselda Trigueiro
raissa_agc@hotmail.com

A hepatite B, causada pelo vírus VHB, transmite-se principalmente via contato direto com sangue ou outras secreções corporais. A apresentação clínica varia de assintomática ou oligossintomática à quadros de insuficiência hepática fulminante. Por tratar-se de infecção sexualmente transmissível, acredita-se que ocorra subdiagnóstico em população idosa exposta à maior vulnerabilidade. O objetivo é comparar, por estudo epidemiológico descritivo, o número de casos notificados de hepatite B em adultos de ambos os sexos nas faixas etárias de 20-59 e ≥ 60 anos (idosos), entre os anos de 1999-2011 e 2012-2016. Realizou-se coleta de dados no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) referentes ao número de casos de hepatite B nos períodos de 1999-2011 e 2012-2016 em homens e mulheres de 20-59 anos e idosos. Posteriormente, comparou-se os resultados para cada grupo avaliado. Em análise dos resultados, no período de 1999-2011 constatou-se 59.714 casos de hepatite B em indivíduos do sexo masculino de 20-59 anos, enquanto que entre 2012-2016 notificaram-se 37.354 (redução de 37,44%). Em contrapartida, nos homens idosos evidenciou-se 5.262 casos no período de 13 anos e 5.395 no período de 05 anos (aumento de 2,52%). Em relação ao sexo feminino, o subgrupo jovem teve 48.732 notificações no período de 13 anos e 30.697 nos 05 anos (redução de 37%). Na faixa das idosas houve um aumento de 3.439 casos no período de 13 anos para 3.689 nos 05 anos (aumento de 7,26%). A redução dos casos notificados de hepatite B na população de 20-59 anos é esperada, uma vez que se comparou período de tempo correspondente a menos da metade do período inicialmente avaliado. Adiciona-se a isso o sucesso da implantação da vacina no calendário vacinal brasileiro desde 1998, possibilitando a proteção em indivíduos mais jovens. Em contrapartida, o aumento dos casos de hepatite B nos idosos sugere a subnotificação dos casos no período inicialmente avaliado e a “invisibilidade sexual” desse grupo pelos profissionais de saúde, resultando em prováveis práticas preventivas ineficientes que aumentam a vulnerabilidade. Diante disso, o presente estudo infere a necessidade de planejamento e investimento em estratégias efetivas de rastreamento e prevenção na população idosa, subgrupo muitas vezes negligenciado por profissionais de saúde em razão de uma visão equivocada quanto à exposição dos mesmos a comportamentos de risco.



Palavras-chaves:  Diagnóstico, Hepatite B, Idoso