AVALIAÇÃO GLOBAL DO RISCO DE DISSEMINAÇÃO DA FEBRE AMARELA RELACIONADA À VIAGEM: REVISÃO SISTEMÁTICA |
Introdução: O vírus da febre amarela (FA) é um flavivírus endêmico da África subsariana e da América do Sul. No entanto, devido a globalização com a expansão do comércio e o aumento no número de viajantes, há consequentemente um aumento do risco de importação de FA para áreas não endêmicas. Objetivo: Nessa revisão sistemática foram sintetizadas evidências de modelos matemáticos e de relatos de viagens associadas a FA para estimar o risco internacional de propagação da FA relacionado a viagens em áreas não endêmicas. Métodos: PubMed, ProMed, biblioteca online do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças e bancos de dados da Organização Mundial de Saúde foram consultados até março de 2018. Estudos de modelagem matemático e observacionais que abordavam diretamente qualquer um dos parâmetros relacionados com FA adquirida em países endémicos foram incluídos. As variáveis de interesse foram extraídas e plotadas no software Tableau . Resultados: Foram identificadas 497 publicações e 25 foram incluídas. Entre 1924 e 2018, foram reportados 38 casos de FA associados a viagens. Europeus e não europeus representaram 16 (42,1%) e 22 (57,9%) dos viajantes, respectivamente. Os países que mais reportaram casos de FA importada foram a China (28,9%), EUA (13,2%) e França (13,2%). Quarenta e dois por cento dos países que importaram a FA tinham vetores competentes, mas a transmissão autóctone de FA na área não endêmica não ocorreu. Os viajantes adquiriram a doença na América do Sul (56,8%) e na África (42,2%). Brasil (38,9%), Angola (30,6%), Peru (8,3%) e Senegal (5,6%) foram os países mais visitados entre os viajantes onde a FA foi adquirida. A média de idade do viajante foi de 39,4 ± 12,4 anos, predominando o sexo masculino (76,7%). Todos, exceto dois (5,3%) não foram vacinados. A FA foi diagnosticada com ensaios moleculares (48,1%), combinação de ensaios (37%) e sorologia (7,4%). Dados de internação estavam disponíveis para 32 (84,2%) casos, e desses 31 (96,9%) foram admitidos e 7 (58,3%) foram para cuidados na unidade de terapia intensiva. Quinze (48,4%) pacientes morreram de FA. Estudos de modelagem estimam que o risco internacional de propagação de FA relacionado a viagens seja provavelmente maior que 1. Conclusões: Viajantes não imunizados correm risco de complicações da FA e são capazes de disseminar a transmissão local em seus países. Há uma necessidade urgente de reforçar a implementação da vacinação contra FA em viajantes que visitam áreas de alto risco. |