HANSENÍASE NA POPULAÇÃO IDOSA DA BAHIA NO SÉCULO XXI: O QUE REVELA O CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO?
ISABELLE TENÓRIO MELO 1, JÉSSICA LUZIA DE SOUZA LÔBO1, JOÃO PAULO DA SILVA PAIVA1, KATHLEEN CÉZAR DE MÉLO1, MONALISA LÍDIA COSTA SILVA1, RENATO DE SOUZA MARIANO1, SAULO HENRIQUE SALGUEIRO DE AQUINO1, THAIS SILVA MATOS1, THIAGO CAVALCANTE LEAL1, CARLOS DORNELS FREIRE DE SOUZA1
1. UFAL - Universidade Federal de Alagoas Campus Arapiraca, 2. UNIVASF - Universidade Federal do Vale do São Francisco, 3. IMIP - Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira
isabelletenoriom@gmail.com

A hanseníase é uma doença tropical negligenciada que se configura como um importante problema de saúde pública no Brasil. Paralelamente, o Brasil tem vivenciado um intenso processo de envelhecimento populacional. Objetivou-se analisar a tendência e as características epidemiológicas da hanseníase na população idosa da Bahia no período de 2001 a 2017. Trata-se de um estudo ecológico. Os dados foram obtidos do Sistema Nacional de Agravos de Notificação. A tendência dos coeficientes de detecção de casos novos em idosos, segundo gênero, foi analisada utilizando o modelo de regressão segmentada (joinpoint regression). A tendência foi classificada em estacionária, crescente ou decrescente. Calculou-se o APC (Annual Percent Change) Intervalo de confiança 95% (IC95%). Significância de 5%. Variáveis epidemiológicas também foram analisadas. Foram registrados 8.843 casos novos de hanseníase na população com 60 anos ou mais no período estudado. A taxa de detecção média foi de 38,73/100 mil, sendo maior nos homens (45,19/100 mil) do que nas mulheres (33,54/100 mil). Tendência de redução das taxas ocorreu em ambos os sexos a partir de 2004, sendo maior nas mulheres (APC -3,4%). Quanto ao perfil epidemiológico, houve predomínio dos casos em idosos entre 60 -69 anos (5.117/ 57,86%). A raça com maior frequência detectada foi a parda (4.459/ 50,4%). O ensino fundamental foi registrado em 43,53% dos pacientes diagnosticados. Os encaminhamentos e as demandas espontâneas foram os dois principais modos de detecção da doença, apresentando percentuais de 52,25% e 35,26%, respectivamente. No momento do diagnóstico, a classificação operacional prevalente foi a multibacilar (5.861/66,28%), podendo observar que 2.286 (31,96%) tinham a forma Dimorfa e 1.549 (17,51%) a Vichowiana. O percentual de homens com grau II foi de 11,0% (n=507) e de mulheres foi de 5,39% (n=228). O cenário epidemiológico da hanseníase em idosos no estado da Bahia é motivo de preocupação, uma vez que essa população pode sofrer mais com as consequências da ação do mycobacterium leprae , sobretudo por ser mais atingida pelas formas mais graves da doença. A prevalência da forma clínica Dimorfa corrobora com outros estudos, demonstrando o quão tardiamente estão sendo realizados os diagnósticos. Pode-se concluir, que, a invisibilidade dessa doença nesses sujeitos, é capaz de manter ativa a cadeia de transmissão da hanseníase, tornando-a persistente na comunidade.

 



Palavras-chaves:  Hanseníase, Idoso, Perfil Epidemiológico