HANSENÍASE NA POPULAÇÃO IDOSA DA BAHIA NO SÉCULO XXI: O QUE REVELA O CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO? |
A hanseníase é uma doença tropical negligenciada que se configura como um importante problema de saúde pública no Brasil. Paralelamente, o Brasil tem vivenciado um intenso processo de envelhecimento populacional. Objetivou-se analisar a tendência e as características epidemiológicas da hanseníase na população idosa da Bahia no período de 2001 a 2017. Trata-se de um estudo ecológico. Os dados foram obtidos do Sistema Nacional de Agravos de Notificação. A tendência dos coeficientes de detecção de casos novos em idosos, segundo gênero, foi analisada utilizando o modelo de regressão segmentada (joinpoint regression). A tendência foi classificada em estacionária, crescente ou decrescente. Calculou-se o APC (Annual Percent Change) Intervalo de confiança 95% (IC95%). Significância de 5%. Variáveis epidemiológicas também foram analisadas. Foram registrados 8.843 casos novos de hanseníase na população com 60 anos ou mais no período estudado. A taxa de detecção média foi de 38,73/100 mil, sendo maior nos homens (45,19/100 mil) do que nas mulheres (33,54/100 mil). Tendência de redução das taxas ocorreu em ambos os sexos a partir de 2004, sendo maior nas mulheres (APC -3,4%). Quanto ao perfil epidemiológico, houve predomínio dos casos em idosos entre 60 -69 anos (5.117/ 57,86%). A raça com maior frequência detectada foi a parda (4.459/ 50,4%). O ensino fundamental foi registrado em 43,53% dos pacientes diagnosticados. Os encaminhamentos e as demandas espontâneas foram os dois principais modos de detecção da doença, apresentando percentuais de 52,25% e 35,26%, respectivamente. No momento do diagnóstico, a classificação operacional prevalente foi a multibacilar (5.861/66,28%), podendo observar que 2.286 (31,96%) tinham a forma Dimorfa e 1.549 (17,51%) a Vichowiana. O percentual de homens com grau II foi de 11,0% (n=507) e de mulheres foi de 5,39% (n=228). O cenário epidemiológico da hanseníase em idosos no estado da Bahia é motivo de preocupação, uma vez que essa população pode sofrer mais com as consequências da ação do mycobacterium leprae , sobretudo por ser mais atingida pelas formas mais graves da doença. A prevalência da forma clínica Dimorfa corrobora com outros estudos, demonstrando o quão tardiamente estão sendo realizados os diagnósticos. Pode-se concluir, que, a invisibilidade dessa doença nesses sujeitos, é capaz de manter ativa a cadeia de transmissão da hanseníase, tornando-a persistente na comunidade. |