TUBERCULOSE NO ACRE, AMAZÔNIA EXTREMO-OCIDENTAL: ANÁLISE DE UMA DÉCADA
LUÍS HUMBERTO DA SILVA FREIRE JÚNIOR 1, GUSTAVO HENRIQUE SCHNEIDER1, AMANDA CAPELOTO MASTRO1, ELCENIRA FARIAS DO NASCIMENTO1, JAMILLE GREGÓRIO DOMBROWSKI1, RITA DO SOCORRO UCHÔA DA SILVA1
1. UFAC - Universidade Federal do Acre, 2. SESACRE - Secretaria de Saúde do Estado do Acre, 3. ICB - USP - Instituto de Ciências Biomédicas - Universidade de São Paulo
luishsfreirejunior@hotmail.com

A tuberculose (TB) é um importante problema de saúde pública por sua elevada prevalência e taxa de infectividade, sendo a principal causa de morte por doenças infecciosas no mundo, com cerca de 1,7 milhões de mortes anualmente. Uma vez que mais de 95% dessas mortes ocorrem em países de média e baixa renda, o presente trabalho intenta descrever o perfil epidemiológico da TB no estado do Acre na última década. Este é um trabalho descritivo, de base populacional, realizado a partir das informações contidas no banco de dados da Secretaria Estadual de Saúde do Acre, oriundas das fichas de notificação de casos de TB entre 2008 e 2017. Os dados foram tabulados e analisados no software IBM SPSS Statistics versão 2.1. Foram notificados 4.101 casos (média anual: 410 casos, variando de 337 casos em 2008 a 519 em 2017), sendo 45,6% (1.872/4.101) dos casos no quinquênio 2008-2012 e 54,4% (2.229/4.101) no quinquênio 2013-2017. A idade variou de 1 a 98 anos (média: 30,1 anos, mediana: 32 anos); 65,9% (2.676/4.058) eram homens; 77,3% (3.165/4.093) pardos e 5,7% (235/4.093) indígenas; 13,9% (489/3.527) eram analfabetos, 47,3% (1.667/3.527) relataram ensino fundamental incompleto; 7,2% (256/3.527) completaram o ensino fundamental, 11% (390/3.527) possuíam o ensino médio incompleto, 13,9% (489/3.527) completaram o ensino médio, 3,3% (116/3.527) possuíam o ensino superior incompleto e 3,4% (120/3.527) possuíam curso superior completo; 80,9% (3.283/4.058) dos casos ocorreram em indivíduos que residiam na zona urbana; 64,5% (2.554/3.956) moradores de Rio Branco; 88,8% (3.641/4.101) eram casos novos; 88,5% (3.630/4.101) eram TB pulmonar, 10,5% (431/4.101) extrapulmonar e 1% (40/4.101) pulmonar e extrapulmonar; 18,5% (244/1.319) ocorreram em indivíduos privados de liberdade e 2,8% (117/4.101) eram co-infectados TB/HIV. Observamos que, apesar de esforços do governo para o controle da doença, houve aumento discreto no número de casos de TB notificados comparando os dois quinquênios. A maior parte das notificações ocorreu em homens, pardos, moradores de zona urbana. Apesar de a maioria possuir baixo nível de escolaridade, a doença não poupou pessoas com nível superior. O pequeno número de indígenas na casuística pode refletir a dificuldade de acesso dessa população aos serviços de saúde. Acredita-se que o número de pacientes co-infectados com HIV esteja subestimado, pois habitualmente durante o preenchimento da ficha de notificação, o resultado desse teste ainda não está disponível.



Palavras-chaves:  Acre, Amazônia, Epidemiologia, Norte, Tuberculose