TUBERCULOSE NO ACRE, AMAZÔNIA EXTREMO-OCIDENTAL: ANÁLISE DE UMA DÉCADA |
A tuberculose (TB) é um importante problema de saúde pública por sua elevada prevalência e taxa de infectividade, sendo a principal causa de morte por doenças infecciosas no mundo, com cerca de 1,7 milhões de mortes anualmente. Uma vez que mais de 95% dessas mortes ocorrem em países de média e baixa renda, o presente trabalho intenta descrever o perfil epidemiológico da TB no estado do Acre na última década. Este é um trabalho descritivo, de base populacional, realizado a partir das informações contidas no banco de dados da Secretaria Estadual de Saúde do Acre, oriundas das fichas de notificação de casos de TB entre 2008 e 2017. Os dados foram tabulados e analisados no software IBM SPSS Statistics versão 2.1. Foram notificados 4.101 casos (média anual: 410 casos, variando de 337 casos em 2008 a 519 em 2017), sendo 45,6% (1.872/4.101) dos casos no quinquênio 2008-2012 e 54,4% (2.229/4.101) no quinquênio 2013-2017. A idade variou de 1 a 98 anos (média: 30,1 anos, mediana: 32 anos); 65,9% (2.676/4.058) eram homens; 77,3% (3.165/4.093) pardos e 5,7% (235/4.093) indígenas; 13,9% (489/3.527) eram analfabetos, 47,3% (1.667/3.527) relataram ensino fundamental incompleto; 7,2% (256/3.527) completaram o ensino fundamental, 11% (390/3.527) possuíam o ensino médio incompleto, 13,9% (489/3.527) completaram o ensino médio, 3,3% (116/3.527) possuíam o ensino superior incompleto e 3,4% (120/3.527) possuíam curso superior completo; 80,9% (3.283/4.058) dos casos ocorreram em indivíduos que residiam na zona urbana; 64,5% (2.554/3.956) moradores de Rio Branco; 88,8% (3.641/4.101) eram casos novos; 88,5% (3.630/4.101) eram TB pulmonar, 10,5% (431/4.101) extrapulmonar e 1% (40/4.101) pulmonar e extrapulmonar; 18,5% (244/1.319) ocorreram em indivíduos privados de liberdade e 2,8% (117/4.101) eram co-infectados TB/HIV. Observamos que, apesar de esforços do governo para o controle da doença, houve aumento discreto no número de casos de TB notificados comparando os dois quinquênios. A maior parte das notificações ocorreu em homens, pardos, moradores de zona urbana. Apesar de a maioria possuir baixo nível de escolaridade, a doença não poupou pessoas com nível superior. O pequeno número de indígenas na casuística pode refletir a dificuldade de acesso dessa população aos serviços de saúde. Acredita-se que o número de pacientes co-infectados com HIV esteja subestimado, pois habitualmente durante o preenchimento da ficha de notificação, o resultado desse teste ainda não está disponível. |