AVALIAÇÃO DOS FATORES ASSOCIADOS AO DESENVOLVIMENTO DE LEISHMANIOSE MUCOSA OU MUCOCUTÂNEA EM UM ESTADO DA AMAZÔNIA BRASILEIRA
MARIA GABRIELA DE ALMEIDA RODRIGUES 1, DÊ ÂNGELO SILVA DA CRUZ1, DANIEL BARROS DE CASTRO1, WUELTON MARCELO MONTEIRO1, VANDERSON DE SOUZA SAMPAIO 1
1. FVS-AM - Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, 2. FMT-HVD - Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, 3. UEA - Universidade do Estado do Amazonas, Escola Superior de Saúde
rodriguesgabriela016@gmail.com

A Leishmaniose Mucosa ou Mucocutânea (LM) é considerada a forma clínica mais grave da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) devido aos danos que pode causar, que incluem o óbito. O objetivo deste trabalho foi estudar os fatores associados ao desenvolvimento da forma mucosa da doença no estado do Amazonas no período de 2007 a 2015. Trata-se de um estudo transversal do tipo caso controle. Os dados utilizados no estudo foram extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). As variáveis utilizadas foram: (i) demográficas e (ii) clínicas.  A casuística inclui todos os casos novos confirmados por critério laboratorial, através dos métodos parasitológico direto (PD), intradermorreação de Montenegro (IDM) ou histopatologia (HIS). Foram definidos como casos aqueles que apresentaram lesões mucosas, sendo os demais considerados controles. Análise de regressão logística foi realizada para avaliação da associação dos fatores associados ao desenvolvimento de LM. Variáveis com p<0,20 na análise univariada foram selecionadas para a análise multivariada. Nessa, foram mantidas no modelo final, apenas variáveis com p<0,05. As análises estatísticas foram realizadas através do software Stata v.13. O sexo masculino foi o mais acometido (84,18%), e entre as mulheres, 1,64% eram gestantes. A faixa etária de 20 a 39 anos foi a mais acometida (38,78%) e a raça/cor mais frequente foi à parda (65,82%). Pouco mais da metade dos casos (54,08%) ocorreu em zona urbana. A droga mais utilizada no tratamento foi antimonial pentavalente (80,95%). Entre os casos, 1,7% apresentaram coinfecção com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e 31,50% presença de cicatrizes cutâneas. No modelo final de associação, as variáveis: sexo, escolaridade, coinfecção com HIV, doença relacionada ao trabalho e o tempo entre a data do diagnóstico e o início do tratamento não deram significativas. Apenas o aumento da idade (OR=1,0248; p=0,000) apresentou uma associação positiva com os casos de LM. Possivelmente, tal relação ocorra devido à característica de complicação secundária que a doença possui, além do comprometimento do sistema imune em pessoas com idade mais avançada. Os resultados indicam que ações de prevenção e educação em saúde devem ser focadas em pessoas do sexo masculino com faixa etária laboral e de que o aumento da idade é um fator importante que deve ser levado em consideração no tratamento e no acompanhamento pós – terapêutico desses pacientes no estado.



Palavras-chaves:  Epidemiologia, Leishmaniose Mucocutânea, Leishmaniose Tegumentar Americana, Saúde Pública