ECOEPIDEMIOLOGIA E CONTROLE DA LEISHMANIOSE VISCERAL NO MUNICÍPIO DE MONTES CLAROS, MINAS GERAIS, BRASIL. |
A Leishmaniose Visceral (LV) é uma parasitose de caráter zoonótico apontada como uma das doenças mais importantes do ponto de vista de saúde pública no Brasil. As características peculiares dos reservatórios, vetores e a variedade de situações epidemiológicas mostram que estratégias de controle devem ser flexíveis para cada região. Montes Claros é classificada como de transmissão intensa, com média anual de 26 casos humanos. O objetivo do estudo é conhecer os aspectos ecoepidemiológicos associados ao impacto das medidas de controle de 08/2015 a 07/2017. Uma coorte prospectiva observacional foi realizada em três bairros da cidade. O desenho do estudo em cada bairro foi padronizado com intervenções de controle iguais e, simultâneas. Cada bairro foi dividido em 4 subáreas e em todas elas, obrigatoriamente foram realizados inquéritos caninos censitários (ICC), diferenciando as demais quanto ao controle químico e manejo ambiental realizados separados ou concomitantes e tomando como indicador de controle a densidade de flebotomíneos. Para determinar a prevalência da LV canina, foram realizados 4 inquéritos caninos censitários (ICCs) semestrais (dois antes e dois após as ações de controle propostas). O número de cães examinados e as respectivas prevalências foram 1.691(9,58%), 1.831(6,06%), 1.636 (9,47%) e 1.511(8,93%). Oitenta e três cães reativos, oriundos dos ICCs, foram submetidos a eutanásia e necropsia para obtenção de amostras de pele, linfonodo mesentérico, baço e aspirado de medula óssea para exames parasitológicos e moleculares, visando confirmar a infecção e caracterizar a espécie de Leishmania circulante. Estudos de infecção nos tecidos caninos realizados apresentaram positividade pela técnica de Nested PCR 100%, crescimento em cultura 46% e exame parasitológico direto “imprints” 61%. No período do estudo foram capturados 38.055 exemplares de flebotomíneos com armadilhas luminosas do tipo CDC. Machos 30.742 (80,8%) e fêmeas 7.313 (19,2%). Em relação ao comportamento dos flebotomíneos, foram capturados no intradomicílio 5.738 (15,1%) exemplares e 32.317 (84,9%) no peridomicílio, demonstrando a adaptação destes ao ambiente intradomiciliar. O material identificado, registrou 12 espécies , sendo 97,68% (37.172) da espécie Lutzomyia longipalpis. Os dados entomológicos associados à infecção canina, bem como as medidas de controle, em avaliação poderão contribuir para uma melhor compreensão da LV e sua prevenção em Montes Claros. |