DIAGNÓSTICO MOLECULAR DE Strongyloides stercoralis NO BRASIL E IDENTIFICAÇÃO DE HAPLÓTIPOS
LUCÉLIA GUEDES RIBEIRO DA SILVA 3,1, ANNA CARYNA CABRAL3,1, FILIPE ANIBAL CARVALHO-COSTA3,1, MÁRCIO NEVES BÓIA3,1, ALENA MAYO IÑIGUEZ3,1
1. LABTRIP/IOC - Laboratório de Biologia de Tripanosomatídeos, 2. HUPE - Hospital Universitário Pedro Ernesto, 3. ENSP - Escola Nacional de Saúde Pública, 4. FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz, 5. IOC/FIOCRUZ - Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios, 6. IOC/FIOCRUZ - Laboratório de Epidemiologia e Sistemática Molecular
lucelia.fiocruz@gmail.com

Introdução: Strongyloides stercoralis é um helminto transmitido pelo solo e o homem é o principal hospedeiro. O parasito é um dos mais comuns em áreas tropicais e estima-se que 30-100 milhões de pessoas estejam infectadas em todo o mundo. O diagnóstico é um desafio, devido ao método parasitológico utilizado apresentar pouca sensibilidade, e a carga parasitária ser baixa, que juntamente com a assintomatologia, leva a subestimação dos casos. Objetivo: O estudo tem como propósito o diagnostico molecular de Strongyloides sp. em amostras de fezes. Metodologia: Trinta e dois pacientes atendidos no Hospital Universitário Pedro Ernesto (RJ) diagnosticados com estrongiloidiase foram recrutados para nova avaliação parasitológica pela técnica Bermann-Moraes. Na análise molecular, larvas isoladas foram submetidas a extração de DNA, PCR e sequenciamento para os alvos 18S rDNA e 28S rDNA. Resultados: Foi possível observar o parasito em 34% dos indivíduos, sendo todas as larvas rabditóides. Os resultados moleculares de 21 indivíduos, mostraram positividade de 74% e 51% para 18S rDNA e 28S rDNA, respectivamente, e de 45% por ambos os alvos. A análise de sequências revelou máxima identidade de 98-100% e 99-100% somente com espécies de Strongyloides , para 18S rDNA e 28S rDNA, respectivamente. O alinhamento do fragmento 28S rDNA mostrou o polimorfismo A317G que diferencia S. stercoralis de Strongyloides ratti , S. fuelleborni e Strongyloides sp. mas não de S. robustus , S. callosciureus e S. procyonis . Entretanto, estas espécies não parasitam humanos. Dois haplótipos deste gene foram identificados (HapA T371C e HapB C371T), com a predominância do HapB nas amostras do Brasil. O Hap A foi identificado unicamente em um indivíduo em concomitância com Hap B. Igualmente, existem duas linhagens de 18S rDNA de S. stercoralis , HapA (C1560G), caraterístico de Strongyloides spp. e HapB (G1560C) , especifico de S. stercoralis . Contudo, todas as amostras brasileiras apresentaram o Hap B, confirmando a infecção por esta espécie. Discussão: A presença dos dois Haplótipos de 28S rDNA de S. stercoralis no mesmo paciente pode sugerir eventos diferentes de infecção pelas duas linhagens. Conclusão: Se propõe o diagnóstico molecular especifico para a infecção por S. stercoralis que ainda permite a identificação de linhagens do parasito.



Palavras-chaves:  estrongiloidíase, linhagens, haplótipos, 18S rDNA, 28S rDNA