ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE PORTADORES DE DOENÇA DE CHAGAS COM E SEM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ATENDIDOS EM AMBULATÓRIO DE REFERÊNCIA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
MARIA JÚNIA LIRA E SILVA 1, TAYNE FERNANDA LEMOS DA SILVA1, FABIANO WLANDEMIR RODRIGUES DE ALBUQUERQUE CAVALCANTE1, GÊNOVA MARIA DE AZEVEDO OLIVEIRA1, CAROLINA DE ARAÚJO MEDEIROS1, CRISTINA DE FÁTIMA VELLOSO CARRAZZONE1, MARIA DAS NEVES DANTAS DA SILVEIRA BARROS1, SÍLVIA MARINHO MARTINS ALVES1, LUCIANA PATRIZIA ALVES DE ANDRADE VALENÇA 1, EDUARDO SOUSA DE MELO1, WILSON ALVES OLIVEIRA JÚNIOR1
1. UPE - Universidade de Pernambuco, 2. PROCAPE - Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco, 3. HUOC - Hospital Universitário Osvaldo Cruz, 4. SES-PE - Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco , 5. UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
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Introdução: A doença de Chagas (DC) constitui-se em fator de risco independente para acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) o qual é uma das formas mais graves de tromboembolismo nessa afecção. O manejo e a prevenção desses casos são baseados em informações incompletas ou extrapolações do conhecimento sobre outras etiologias. A ocorrência de AVC sem acometimento cardíaco também tem sido documentada. Objetivo: Verificar a associação entre parâmetros clínicos/laboratoriais entre portadores de doença de Chagas com (DCAVC) e sem AVC (DC). Método: Estudo retrospectivo que incluiu 678 pacientes atendidos em um ambulatório público de DC e Insuficiência Cardíaca entre os anos de 2016 a 2018. Foram analisadas variáveis clínicas, laboratoriais, eletrocardiográficas e ecocardiográficas. Foi definido como significante p <0.05. Resultados e discussão: 75 pacientes (11%) tiveram AVC, sendo a maioria do sexo feminino (68%) com mediana de idade igual a 66 anos (28-85). Apresentaram significante diferença entre os grupos, com predomínio dos agravos no grupo DCAVC: doença arterial coronariana ( p: 0.004), insuficiência cardíaca ( p: 0.004), alteração segmentar ( p: 0.021), disfunção ( p: 0.017) e dilatação do ventrículo direito ( p: 0.032), fração de ejeção do ventrículo esquerdo (VE) (52.4 ± 17; p: 0.006), diâmetro diastólico do VE (55.5 ± 9.5; p: 0.019), número de extrassístoles (772 ± 1776; p:0.019) e estágio da DC (A: 9.3%; B1/B2: 46.6%; C: 42.6%; p: 0.002) conforme classificação da diretriz Latino-Americana para o Diagnóstico e Tratamento da Cardiopatia Chagásica. Estudos recentes sugerem que a associação entre infecções crônicas e AVC pode ser consequência da ativação das cascatas inflamatórias e de coagulação, bem como da disfunção endotelial e aterogênese. O presente trabalho corrobora com essa hipótese a medida que outros preditores conhecidos para AVC (fibrilação atrial, taquicardia ventricular sustentada ou não, dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e tabagismo/etilismo atual ou prévio) não tiveram significância. Conclusão: Segundo a análise, pacientes com DCAVC têm um acometimento cardíaco mais grave. Uma acurada caracterização desse grupo pode contribuir para reduzir o número de casos com etiologia indeterminada o que é essencial para correta prevenção secundária.



Palavras-chaves:  Acidente vascular cerebral, Doença de Chagas, Fatores de risco, Prevenção secundária