ALTERAÇÕES HEMOSTÁTICAS EM ACIDENTES CAUSADOS POR SERPENTES DO GÊNERO BOTHROPS JOVENS E ADULTAS ATENDIDOS EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
LYBIA KÁSSIA SANTOS SARRAFF1,2, JORGE CARLOS CONTRERAS BERNAL1,2, PEDRO FERREIRA BISNETO1,2, CLÁUDIO DA SILVA MONTEIRO JÚNIOR1,2, JOÃO PEDRO PEREIRA TAVARES1,2, ELIZANDRA FREITAS DO NASCIMENTO1,2, ALESSANDRA DOS SANTOS SANTOS1,2, ELIANE CAMPOS ALVES1,2, VALÉRIA MOURÃO DE MOURA1,2, WUELTON MARCELO MONTEIRO1,2, SÂMELLA SILVA DE OLIVEIRA 1,2
1. FMT-HVD - Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, 2. UNINORTE - Centro Universitário do Norte, 3. UEA - Universidade do Estado do Amazonas, 4. UFAM - Universidade Federal do Amazonas, 5. UFOPA - Universidade Federal do Oeste do Pará, 6. UNINASSAU - Faculdade Maurício de Nassau, 7. ESTÁCIO - Faculdade Estácio do Amazonas
oliveira.samella@gmail.com

Na Amazônia brasileira a serpente Bothrops atrox é a principal responsável pelos acidentes por serpentes peçonhentas. As vítimas de acidentes botrópicos são geralmente trabalhadores rurais, do sexo masculino. As manifestações clínicas locais (edema, dor e equimose) e sistêmicas (alteração da coagulação e hemorragia) do acidente botrópico são devidas principalmente às metaloproteases, serinoproteases e fosfolipases A 2 do veneno. A composição e atividades biológicas do veneno de serpentes podem variar de forma intra e interespecífica, a depender da origem geográfica, sexo ou estágio ontogenético da serpente. Essa variação poderia repercutir na clínica dos acidentes. O objetivo deste estudo é caracterizar as alterações hemostáticas nos acidentes causados por serpentes  Bothrops  jovens e adultas atendidos em um hospital de referência na Amazônia brasileira. Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo, realizado através da coleta de dados de prontuários eletrônicos de pacientes atendidos na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT/HVD), Amazonas, Brasil, entre agosto/2013 e julho/2016. Foram incluídos os prontuários de pacientes com sinais clínicos de envenenamento botrópico, que receberam o antiveneno na FMT/HVD e apresentavam a serpente causadora do acidente íntegra na Coleção de Animais Peçonhentos da FMT/HVD. Coletou-se as variáveis epidemiológicas, clínicas e laboratoriais e os dados das serpentes em um formulário padronizado. Os 86 pacientes foram distribuídos no grupo A (picados por Bothrops jovem- n=63; 73,2%) ou grupo B (picados por Bothrops adulta-n=23; 26,7%). Em ambos os grupos os acidentes ocorreram principalmente em pacientes do sexo masculino, provenientes de Manaus, na zona rural, sendo que o pé foi o membro mais acometido, e não estavam relacionados ao trabalho. As principais manifestações locais nos dois grupos foram dor e edema. O grupo A apresentou maior frequência de incoagulabilidade sanguínea (56,67%), mas não houve diferença estatística significativa ( p =0,167). Não houve diferença estatística significativa também nos valores de plaquetas, volume plaquetário médio, índice internacional normalizado, hematócrito e hemoglobina. O conhecimento da fisiopatologia dos acidentes por Bothrops jovens e adultas pode ajudar no manejo destes casos pelos profissionais de saúde. Estudos que possam identificar outros fatores para alterações hemostáticas no acidente botrópico na Amazônia brasileira são necessários.



Palavras-chaves:  Bothrops, hemostasia, veneno de viperídeos