CARACTERIZAÇÃO HEMATOLÓGICA NOS ACIDENTES BOTRÓPICOS ATENDIDOS EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA EM DOENÇAS TROPICAIS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
ALESSANDRA DOS SANTOS SANTOS1, ELIZANDRA FREITAS DO NASCIMENTO1, ELIANE CAMPOS ALVES1, JOÃO PEDRO TAVARES PEREIRA1, LYBIA KÁSSIA SANTOS SARRAF1, HIOCHELSON NAJIBE DOS SANTOS IBIAPINA1, LUIZ CARLOS DE LIMA FERREIRA1, IDA SIGUEKO SANO MARTINS1, WUELTON MARCELO MONTEIRO1, SÂMELLA SILVA DE OLIVEIRA 1
1. FMT-HVD - Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, 2. UEA - Universidade do Estado do Amazonas, 3. IBU - Instituto Butantan
oliveira.samella@gmail.com

A serpente Bothrops atrox é responsável pela maioria dos acidentes ofídicos na Amazônia Brasileira. As vítimas de acidentes botrópicos podem apresentar manifestações clínicas locais (edema, dor e equimose) e sistêmicas (alterações da coagulação e sangramentos). O veneno de serpentes Bothrops pode variar inter e intraespecificamente, o que poderia repercutir na gravidade das manifestações clínicas dos envenenamentos. Além disso, há uma limitada informação a respeito das alterações hematológicas em vítimas de acidentes botrópicos ocorridos na Amazônia brasileira. O objetivo deste trabalho é descrever as alterações hematológicas em vítimas de acidente botrópico antes da administração do antiveneno. Para isso, realizou-se um estudo transversal em pacientes com diagnóstico clínico-epidemiológico de acidente botrópico (n=100) atendidos na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Manaus/AM, entre janeiro/2016 e dezembro/2017, com idade superior a 12 anos e sem uso de antiveneno. Os dados clínicos e epidemiológicos foram coletados em um formulário padronizado. O sangue venoso foi adicionado em tubos plásticos com anticoagulante Na 2 -EDTA 0,01% e antiveneno botrópico-laquético 2%, na concentração final, para determinar o hematócrito, hemoglobina, número de eritrócitos, leucócitos e plaquetas, volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) e volume plaquetário médio (VPM). Os acidentes ocorreram principalmente no sexo masculino (88%), com média de idade de 40 anos, o tempo para assistência médica foi menor que três horas (46%), a região anatômica mais acometida foi o pé/dedo do pé (63%), os acidentes foram classificados em sua maioria como moderados (53%), seguidos de leve (41%). Os valores dos hemogramas foram (média ± D.P.): leucócitos (11,5 ± 3,5 x10³/µL), eritrócitos (5,1 ± 0,4 x10⁶/µl), hemoglobina (14,1 ± 1,2 g/dL), hematócrito (44,6 ± 3,6%), VCM (88,2 ± 3,0 fl), HCM (27,8 ± 1,8 pg), CHCM (32,3 ± 1,8 g/dL) e VPM (9,6 ± 0,8 fl). A contagem média de plaquetas ficou dentro dos valores de referência (215,2 ± 58,2 x10³/µL), porém 10 pacientes apresentaram plaquetopenia, frequência cerca de 5 vezes inferior a observada em acidentes com B. jararaca . Os resultados foram semelhantes aos encontrados em estudos realizados em Belém, PA. Este estudo sugere que a variação na composição do veneno entre espécies diferentes pode repercutir na clínica dos acidentes botrópicos.



Palavras-chaves:  acidente ofídico, envenenamento, hemograma