REDES DE INTERAÇÃO ENTRE MORCEGOS E LEISHMANIA EM AMBIENTE SILVESTRE E URBANO DO MUNICÍPIO DE MONTES CLAROS, MG, BRASIL
THALLYTA MARIA VIEIRA 1,5, WALTER SANTOS DE ARAÚJO1,5, AGNES ANTÔNIA SAMPAIO PEREIRA1,5, ELISANGELA OLIVEIRA DESIDERIO1,5, BRUNA OLIVEIRA SANTOS1,5, MARCOS VINICIUS LOPES VIEIRA 1,5, CÉLIA MARIA FERREIRA GONTIJO1,5, MARIA NORMA MELO1,5
1. UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros, 2. FIOCRUZ MINAS - Instituto René Rachou - FIOCRUZ, 4. PROMINAS - Faculdades Prominas , 5. UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
thallyta.vieira@unimontes.br

As leishmanioses apesentam padrões epidemiológicos dinâmicos e multivariáveis com diversidade de vetores e reservatórios do parasito. Os morcegos possuem grande importância ecológica e características potenciais para a dispersão de patógenos, como grande mobilidade, ampla gama de hábitos alimentares e abrigos, os quais variam entre as áreas silvestres e as áreas urbanizadas. Para compreender melhor a eco-epidemiologia das leishmanioses, objetivou-se elaborar uma rede de interações ecológicas entre as diferentes espécies de morcegos infectados por espécies de Leishmania, coletados em área silvestre (S) e urbana (U), entre abril de 2014 a abril de 2015 no município de Montes Claros – MG. Os morcegos foram coletados através de rede de neblina, e as amostras de sangue foram submetidas a PCR SSU rRNA (V7V8) e sequenciadas. A caracterização das redes de interação ecológica foi realizada através das medidas de centralidade e conectância. Foram coletados 247 espécimes de 27 espécies pertencentes às famílias Phyllostomidae (90,7%), Vespertilionidae (8,1%) e Molossidae (1,2%).  Observou-se positividade de infecção de 4% (10/247), sendo 60% (3S, 3U) infectados por Leishmania amazonensis , 30% (2S, 1U/10) por Leishmania infantum e 10% (1S/10) por Leishmania braziliensis . Os resultados mostram que o número de espécies interagindo é maior no ambiente silvestre do que no ambiente urbano, o que resultou em uma menor conectância e uma maior modularidade na rede hospedeiro-parasita silvestre do que na rede do ambiente urbano. A alta conectividade entre espécies de Leishmania e morcegos na rede urbana pode ter implicações para saúde única, uma vez que, essas espécies são bastante adaptadas ao ambiente urbano. Os resultados do presente estudo poderão contribuir para uma melhor compreensão da eco-epidemiologia das leishmanioses. Outros estudos estão sendo realizados para uma melhor caracterização da rede de propagação desses parasitos e identificação das espécies-chaves para a manutenção da doença.



Palavras-chaves:  Leishmanioses, Quirópteros, Rede ecológica, Saúde única