DETECÇÃO DE Wuchereria bancrofti POR XENOMONITORAMENTO MOLECULAR EM BAIRRO DO RECIFE
TATIANE ALEXANDRE DE ARAÚJO1, CONSTÂNCIA FLÁVIA JUNQUEIRA AYRES LOPES1, ALESSANDRA LIMA DE ALBUQUERQUE1, DANIELLE CRISTINA TENÓRIO VARJAL DE MELO1, EDENEIDE MARIA XAVIER1, CLAUDIA MARIA FONTES DE OLIVEIRA1
1. IAM - FIOCRUZ/PE - Instituto Aggeu Magalhães - Fundação Oswaldo Cruz/Pernambuco
tattinha_araujo@hotmail.com

A Filariose Linfática (FL) é uma infecção parasitária causada por Wuchereria bancrofti, um verme transmitido no Brasil pelo mosquito Culex quinquefasciatus. De acordo com a Organização Mundial de Saúde essa doença afeta 800 milhões de pessoas em 73 países e foi necessário estabelecer um programa global para eliminá-la como problema de saúde pública até 2020. No Brasil, a distribuição da doença está restrita à Região Metropolitana do Recife (Pernambuco), onde na maioria dos focos endêmicos foi realizado o tratamento coletivo da população humana, com o filaricida Dietilcarbamazina. O objetivo desse estudo foi conhecer a taxa de infecção vetorial através do Xenomonitoramento Molecular (XM), um método utilizado para detectar a presença do verme no mosquito por Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). A população do estudo é composta por mosquitos C. quinquefasciatus coletados em focos endêmicos tratados (Jaboatão dos Guararapes e Olinda) e não tratados (Recife) com a medicação filaricida. Foi extraído o DNA de fêmeas utilizando-se um método estabelecido no Departamento de Entomologia (IAM - FIOCRUZ/PE) e a taxa de infecção vetorial foi determinada usando o modelo estatístico Pool Screen . Foram analisadas por PCR, aproximadamente 1.300 fêmeas de C. quinquefasciatus coletadas em áreas endêmicas que finalizaram o tratamento coletivo. Para essa amostra de mosquitos a taxa de infecção vetorial foi nula (0%). No entanto, em uma outra amostragem de apenas 813 fêmeas do mosquito coletadas em uma área não tratada, no bairro de Nova Descoberta (Recife/PE), o XM foi capaz de detectar a presença de verme com uma taxa de infecção vetorial de 0,08%. Tal resultado destaca a elevada sensibilidade do XM para detectar áreas onde o ciclo de transmissão da W. bancrofti ainda se encontra ativo. Sabe-se que o tratamento em massa diminui o número de pessoas microfilarêmicas, e consequentemente, reduz-se também as possibilidades de contato dos mosquitos com sangue infectado, dificultando a infecção vetorial e a propagação da enfermidade. Situação diferente é encontrada em áreas que não foram tratadas, mas que possivelmente eram focos endêmicos. Nessas áreas, a vigilância da infecção vetorial por XM pode auxiliar fortemente na detecção de ciclos ativos de transmissão do verme , bem como avaliar o impacto das ações realizadas no programa nacional para eliminação da FL, ou mesmo para detectar o surgimento de circulação do verme em áreas não contempladas pelo plano de eliminação.

Apoio: FIOCRUZ



Palavras-chaves:  Culex quinquefasciatus, Filariose Linfática, Infecção Vetorial, Wuchereria bancrofti