DETECÇÃO DE Wuchereria bancrofti POR XENOMONITORAMENTO MOLECULAR EM BAIRRO DO RECIFE |
A Filariose Linfática (FL) é uma infecção parasitária causada por Wuchereria bancrofti, um verme transmitido no Brasil pelo mosquito Culex quinquefasciatus. De acordo com a Organização Mundial de Saúde essa doença afeta 800 milhões de pessoas em 73 países e foi necessário estabelecer um programa global para eliminá-la como problema de saúde pública até 2020. No Brasil, a distribuição da doença está restrita à Região Metropolitana do Recife (Pernambuco), onde na maioria dos focos endêmicos foi realizado o tratamento coletivo da população humana, com o filaricida Dietilcarbamazina. O objetivo desse estudo foi conhecer a taxa de infecção vetorial através do Xenomonitoramento Molecular (XM), um método utilizado para detectar a presença do verme no mosquito por Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). A população do estudo é composta por mosquitos C. quinquefasciatus coletados em focos endêmicos tratados (Jaboatão dos Guararapes e Olinda) e não tratados (Recife) com a medicação filaricida. Foi extraído o DNA de fêmeas utilizando-se um método estabelecido no Departamento de Entomologia (IAM - FIOCRUZ/PE) e a taxa de infecção vetorial foi determinada usando o modelo estatístico Pool Screen . Foram analisadas por PCR, aproximadamente 1.300 fêmeas de C. quinquefasciatus coletadas em áreas endêmicas que finalizaram o tratamento coletivo. Para essa amostra de mosquitos a taxa de infecção vetorial foi nula (0%). No entanto, em uma outra amostragem de apenas 813 fêmeas do mosquito coletadas em uma área não tratada, no bairro de Nova Descoberta (Recife/PE), o XM foi capaz de detectar a presença de verme com uma taxa de infecção vetorial de 0,08%. Tal resultado destaca a elevada sensibilidade do XM para detectar áreas onde o ciclo de transmissão da W. bancrofti ainda se encontra ativo. Sabe-se que o tratamento em massa diminui o número de pessoas microfilarêmicas, e consequentemente, reduz-se também as possibilidades de contato dos mosquitos com sangue infectado, dificultando a infecção vetorial e a propagação da enfermidade. Situação diferente é encontrada em áreas que não foram tratadas, mas que possivelmente eram focos endêmicos. Nessas áreas, a vigilância da infecção vetorial por XM pode auxiliar fortemente na detecção de ciclos ativos de transmissão do verme , bem como avaliar o impacto das ações realizadas no programa nacional para eliminação da FL, ou mesmo para detectar o surgimento de circulação do verme em áreas não contempladas pelo plano de eliminação. Apoio: FIOCRUZ |