SÉRIE DE CASOS DE PACIENTES COINFECTADOS COM HIV/LEISHMANIA NUM AMBULATÓRIO DE REFERÊNCIA PARA LEISHMANIOSES, CUIABÁ, MT
LETÍCIA ROSSETTO DA SILVA CAVALCANTE1, LEANNDRO MANSUR BUMLAI1, LARA MOREIRA DE OLIVEIRA1, ANA PAULA COSTA DE CARVALHO1, BIANCA COELHO DAMIN1, EZEQUIEL ANGELO FONSECA JUNIOR1, MAYANE EMANUELLE OLIVEIRA SOUZA1, PAULA VIEIRA REIS1, SUSANE MARAFON1, GIOVANA VOLPATO PAZIN1, MÁRCIA HUEB1
1. HUJM - Hospital Universitário Júlio Muller
susim2@hotmail.com

Com o fenômeno de expansão territorial da leishmaniose tegumentar e urbanização da leishmaniose visceral no Brasil e globalização da infecção pelo HIV, incluindo presença em zonas rurais, a intersecção destas doenças é fenômeno cada vez mais frequente. O HIV pode ser um facilitador para a disseminação da leishmaniose que pode por sua vez mudar a progressão da doença pelo HIV, entretanto não existe quadro clínico específico da coinfecção e a resposta terapêutica na leishmaniose está diretamente relacionada ao estado imunológico do indivíduo. Relatam-se 37 casos da coinfecção HIV/ Leishmania , todos diagnosticados e acompanhados no ambulatório de referência do HUJM, através da revisão de prontuários. Os dados analisados são de pacientes atendidos de 1993 a 2018. Eram do sexo masculino 91,9% (34), diagnosticados dos 19 aos 65 anos (média= 34,3 anos de idade), com forma cutânea em 29,7% dos casos (11), mucosa em 24,3% (9), cutâneo-mucosa em 27% (10), cutânea disseminada em 10,8% (4), cutâneo-mucosa disseminada em 5,4% (2) e visceral em 2,7% (1). Em 62,1% (23) o diagnóstico de HIV foi realizado após o diagnóstico da leishmaniose. A análise do estado imunológico por avaliação de carga viral e células CD4 demonstrou que 67,5% (25) dos pacientes tinha carga viral detectável e em 13,1% (5) estava indetectável; 17,9% (7) com não realizaram exames no período. Sobre os linfócitos CD4, 70,3% (26) mantinham valores menores que 350 células contra 18,9% (7) com valores acima de 350; 10,8% (4) não haviam realizado exames no período. Como 1º tratamento foram utilizados Glucantime® em 75,7% (28) e anfotericina B em 24,3% (9). Em 40,5% (15) foi realizado um único tratamento, em 51,4% (19) 1 ou 2 retratamentos e em 8,1% (3) houve perda de seguimento por abandono. No retratamento utilizou-se a anfotericina B em 32,4% (12), pentamidina em 18,9% (7) e Glucantime® em 2,7% (1). Todos os pacientes tiveram a terapia antirretroviral instituída de imediato ao diagnóstico. No grupo de pacientes aqui relatados houve predomínio de casos do sexo masculino, com baixa contagem de CD4 e carga viral elevada. Observa-se elevada frequência de formas disseminadas. É provável que a condição de imunossupressão tenha contribuído diretamente para um pior prognóstico da leishmaniose e indicação de múltiplos esquemas de tratamento.



Palavras-chaves:  coinfecção, HIV, leishmaniose