CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DOS CASOS DE HANSENÍASE NOTIFICADOS EM HOSPITAL REFERÊNCIA DE MATO GROSSO
LETÍCIA ROSSETTO DA SILVA CAVALCANTE1, LEANNDRO MANSUR BUMLAI1, LARA MOREIRA DE OLIVEIRA 1, ANA PAULA CARVALHO1, EZEQUIEL ANGELO FONSECA JUNIOR1, BIANCA COELHO DAMIN1, MAYANE EMANUELLE OLIVEIRA SOUZA1, SUSANE MARAFON1, PAULA VIEIRA REIS1, WAGNER IZIDORO DE BRITO1, MÁRCIA HUEB1, JOSÉ CABRAL LOPES1
1. HUJM - Hospital Universitário Júlio Muller
larinha.oliveira@hotmail.com

Introdução . A Hanseníase é uma das doenças infecciosas mais antigas da humanidade, prevalecendo como importante problema de saúde pública. Sequelas incapacitantes por diagnósticos tardios e desconhecimento do exame clínico, especialmente na avaliação dos nervos periféricos, contribuem para manutenção da cadeia de transmissão e das altas taxas de detecção. Método e Resultados . Realizou-se estudo descritivo dos casos novos de Hanseníase notificados ao SINAN pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica em hospital de referência para a doença, de 2008 a 2017. Foram notificados 566 casos no período, em 2013 com a maior parte dos casos (14,1%), média de 56,6 diagnósticos ao ano e 77,7% admitidos por encaminhamentos de outras unidades. Eram do sexo masculino 59,4% (336) e do feminino 40,6% (230). A faixa etária predominante foi de 35 a 49 anos de idade (28,3%), seguida de 50 a 64 anos (27%) e de 20 a 34 anos (21%). Predomínio em negros (75,1%), com nível de escolaridade entre 5ª e 8ª séries (20,7%). Quanto a classificação operacional 79,9% eram multibacilares. Em relação às formas clínicas, 62,5% eram dimorfos, 16,4% virchowianos, 15% tuberculóides e 4,8% indeterminados. Sobre o grau de incapacidade, mais da metade não haviam sido avaliados (51,6%). O tratamento de escolha foi a poliquimioterapia multibacilar (PQT-MB) em 76,9% dos casos, para paucibacilar em 19,6% e 3,5 com outros esquemas. Após o diagnóstico, 34,3% foram contra-referenciados para a atenção básica do próprio município de Cuiabá, 31,4% para outros municípios e 29,2% foram acompanhados no próprio hospital. Conclusão . Dos pacientes admitidos nos últimos 10 anos no ambulatório de referência, houve predomínio de homens adultos, negros, com classificação operacional multibacilar, forma clínica dimorfa e tratamento com PQT-MB por 12 meses. Uma maioria veio ao serviço por encaminhamento, mas muitos sem a adequada orientação, o que não difere do relatado no boletim epidemiológico nacional que aponta os serviços de referência como principais diagnosticadores. É necessário treinamento intensivo dos profissionais da rede básica que são responsáveis pelo diagnóstico inicial e rastreio de contactantes, importantes na cadeia de transmissão da hanseníase.



Palavras-chaves:  diagóstico, epidemiologia, hanseníase