CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DOS CASOS DE HANSENÍASE NOTIFICADOS EM HOSPITAL REFERÊNCIA DE MATO GROSSO |
Introdução . A Hanseníase é uma das doenças infecciosas mais antigas da humanidade, prevalecendo como importante problema de saúde pública. Sequelas incapacitantes por diagnósticos tardios e desconhecimento do exame clínico, especialmente na avaliação dos nervos periféricos, contribuem para manutenção da cadeia de transmissão e das altas taxas de detecção. Método e Resultados . Realizou-se estudo descritivo dos casos novos de Hanseníase notificados ao SINAN pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica em hospital de referência para a doença, de 2008 a 2017. Foram notificados 566 casos no período, em 2013 com a maior parte dos casos (14,1%), média de 56,6 diagnósticos ao ano e 77,7% admitidos por encaminhamentos de outras unidades. Eram do sexo masculino 59,4% (336) e do feminino 40,6% (230). A faixa etária predominante foi de 35 a 49 anos de idade (28,3%), seguida de 50 a 64 anos (27%) e de 20 a 34 anos (21%). Predomínio em negros (75,1%), com nível de escolaridade entre 5ª e 8ª séries (20,7%). Quanto a classificação operacional 79,9% eram multibacilares. Em relação às formas clínicas, 62,5% eram dimorfos, 16,4% virchowianos, 15% tuberculóides e 4,8% indeterminados. Sobre o grau de incapacidade, mais da metade não haviam sido avaliados (51,6%). O tratamento de escolha foi a poliquimioterapia multibacilar (PQT-MB) em 76,9% dos casos, para paucibacilar em 19,6% e 3,5 com outros esquemas. Após o diagnóstico, 34,3% foram contra-referenciados para a atenção básica do próprio município de Cuiabá, 31,4% para outros municípios e 29,2% foram acompanhados no próprio hospital. Conclusão . Dos pacientes admitidos nos últimos 10 anos no ambulatório de referência, houve predomínio de homens adultos, negros, com classificação operacional multibacilar, forma clínica dimorfa e tratamento com PQT-MB por 12 meses. Uma maioria veio ao serviço por encaminhamento, mas muitos sem a adequada orientação, o que não difere do relatado no boletim epidemiológico nacional que aponta os serviços de referência como principais diagnosticadores. É necessário treinamento intensivo dos profissionais da rede básica que são responsáveis pelo diagnóstico inicial e rastreio de contactantes, importantes na cadeia de transmissão da hanseníase. |