HISTOPATOLOGIA PLACENTÁRIA ASSOCIADA À MALÁRIA GESTACIONAL POR PLASMODIUM FALCIPARUM NO VALE DO ALTO JURUÁ
LAURA CORDEIRO GOMES¹, BRUNA BEATRIZ PEDROZA DE MELO¹, JAMILLE GREGÓRIO DOMBROWSKI¹, CLÁUDIO ROMERO FARIAS MARINHO¹, RODRIGO MEDEIROS DE SOUZA¹
1. CCSD/UFAC - Centro de Ciências da Saúde e do Desporto - Universidade Federal do Acre, 2. SESAI - Secretaria Especial de Saúde Indígena, 3. ICB/USP - Instituto de Ciências Biomédicas - Universidade de São Paulo, 4. CMULTI/UFAC - Centro Multidisciplinar - Universidade Federal do Acre
lauracg.gomes@gmail.com

A malária gestacional é um importante problema de saúde pública, sendo considerada uma condição potencialmente grave. A infecção por Plasmodium spp. durante a gestação pode causar vários desfechos desfavoráveis tanto para a mãe quanto para o feto, como anemia materna, aborto, parto prematuro, baixo peso ao nascer e até o óbito materno. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi a valiar as alterações histopatológicas placentárias associadas às infecções por Plasmodium falciparum em gestantes do Vale do Alto Juruá (Acre), no extremo ocidente da Amazônia brasileira . Trata-se de um estudo transversal, descritivo e quantitativo a partir de dados e amostras placentárias provenientes de grávidas que deram entrada no Hospital da Mulher e da Criança do Juruá no período de dezembro de 2012 a outubro de 2014. Foram incluídas 138 gestantes no estudo, sendo que 92 não tiveram malária durante a gestação (NI) e 46 tiveram infecção por P. falciparum (Pf) . A análise estatística foi realizada através do software Stata 14.0. Observou-se um aumento estatisticamente significativo nos níveis de agregados nucleares sinciciais, infiltrado inflamatório de leucócitos totais (CD45+) e mononucleares (CD68+) no tecido placentário de gestantes que apresentaram infecção por P. falciparum . A prematuridade (NI=3,3% vs Pf=6,7%) e o baixo peso ao nascer (NI=4,4% vs Pf=8,7%) também ocorreram em maior proporção nos recém-nascidos das gestantes infectadas. Além disso, o Índice Ponderal de Rohrer observado para os recém-nascidos de gestantes que apresentaram malária indicou maior desproporcionalidade corporal quando comparado as gestantes não infectadas (teste t , p=0,042), podendo estar relacionada à restrição do crescimento intrauterino. A realização de menos que seis consultas de pré-natal e residência nas zonas rural ou peri-urbana, mostraram relação com o risco para o desenvolvimento de malária gestacional. Com isso, nota-se a necessidade de maior atenção no acompanhamento pré-natal de gestantes que apresentam malária gestacional, especialmente por P. falciparum . Assim, é necessária a implementação e aperfeiçoamento de estratégias de prevenção e controle da doença na gestação.