SARCOMA DE KAPOSI DISSEMINADO COM MÚLTIPLAS LESÕES OSTEOLÍTICAS ASSOCIADAS.
MANUELA DA COSTA MEDEIROS 1, CRISTIANE DA CRUZ LAMAS1, JULIANA DOS SANTOS BARBOSA NETTO1, RISETE INOCÊNCIO GOMES1
1. FIOCRUZ/INI - Instituto Nacional de Infectologia - Pavilhão Evandro Chagas
manucamed@yahoo.com.br

O Sarcoma de Kaposi (SK) é a neoplasia mais comum em pacientes com HIV/AIDS.Apresentaremos um caso de SK com extenso acometimento ósseo, condição rara e com poucos relatos na literatura.O mesmo também teve diagnóstico de IRIS (Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune) associada ao SK.Paciente,45 anos, masculino,com diagnóstico recente de HIV/AIDS,com internação prévia em 02/2018 para investigação de quadro respiratório,tratado para pneumonia bacteriana e pneumocistose.SK foi diagnosticado por biópsia (Bx) de placa violácea em região inguinal.Na ocasião, apresentava CD4 120céls/μL e carga viral (CV) 4280cópias/mL.Iniciados Tenofovir, Lamivudina e Dolutegravir em 05/03.Após alta hospitalar, foi avaliado em nossa unidade, sendo iniciada quimioterapia (QT) com Paclitaxel em 03/04.Após 48 horas de início da QT,foi encaminhado à internação hospitalar com taquidispneia, edema em pênis e adenomegalias cervicais e submandibulares.Bx linfonodal também mostrou SK;tomografia computadorizada (TC) de tórax mostrou acentuado espessamento do interstício peribroncovascular, com predomínio na região perihilar bilateral; volumoso derrame pleural à direita e discreto derrame pericárdico.Foram tamb´me identificadas numerosas lesões líticas em coluna vertebral (torácica e lombo-sacra), úmero, esterno, bacia e fêmur. Bx de lesão óssea guiada por TC confirmou SK.Revisão de TC da primeira internação mostrou que lesões líticas já estavam presentes, mas que houve dramática piora do acometimento pulmonar e surgimento de derrames pleural e pericárdico. Após um mês de início de terapia antirretroviral (ART), paciente apresentava CD4 235céls/μL e CV 71 cópias/mL.Houve ótima resposta ao Paclitaxel, com resolução do quadro respiratório, das adenomegalias e edema de pênis, e melhora das lesões cutâneas.Segue em QT, acompanhamento ambulatorial e TC de controle em dois meses.Apesar do diagnóstico diferencial com outras neoplasias, as múltiplas lesões osteolíticas apresentadas pelo paciente foram confirmadas como sendo SK.A expressiva piora do quadro respiratório, o acometimento cutâneo e ganglionar, e a elevação de mais de 50 células de CD4 em um mês após início de ART apresentados pelo paciente são altamente sugestivos de IRIS.Risco aumentado de IRIS associado ao uso de inibidores de integrasse já foi descrito na literatura, sendo fundamental monitorar os pacientes com SK que iniciam ART com Dolutegravir para que se reconheça e trate rapidamente esta condição potencialmente fatal.



Palavras-chaves:  hiv, Sarcoma de Kaposi, osso