AVALIAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL PELO SISTEMA DE IMAGEM BIOLUMINESCENTE, EM CAMUNDONGOS INFECTADOS PELO TRYPANOSOMA CRUZI
GLAUCIA ELISETE BARBOSA MARCON1, WANDERLEY DE SOUZA1, CRISTINA HENRIQUES1
1. FIOCRUZ MS - Fundação Oswaldo Cruz- Fiocruz Mato Grosso do Sul, 2. IOC/FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz/ Fundação Oswaldo Cruz, 3. UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
cristina.henriques@fiocruz.br

A doença de Chagas é uma doença negligenciada, cujas manifestações clínicas estão relacionadas principalmente com o acometimento do coração, e do trato digestório, mas também pode causar danos ao sistema nervoso central (SNC). Pouco se conhece sobre a infecção no SNC, foi observado em camundongos que o T. cruzi tem a capacidade de infectar o epitélio e tecidos do cérebro. Portanto, temos como objetivo avaliar a infecção do SNC em camundongos BALB/c, utilizando o sistema in vivo de imagem bioluminescente. A cepa Dm28c foi usada para a produção da cepa geneticamente modificado, Dm28c-luc expressando luciferase. Os animais inoculados com 10 6 tripomastigotas de Dm28c-luc, foram acompanhados in vivo por 1, 7 ou 14 dias consecutivos e após eutanásia foi feita a avaliação ex vivo pelo sistema de imagem bioluminescente, IVIS Lumina (Xenogen) . Para captura das imagens, o substrato D-luciferina 150 mg/kg foi inoculado via intraperitoneal, e após 15 minutos os animais foram anestesiados com isofluorano para aquisição das imagens, a avaliação ex vivo foi feita em placa com 150 m g/ ml de D-luciferin. Para avaliar a infecção no SNC por PCR, os animais foram inoculados via intraperitoneal com 10 5 tripomastigotas, cepa Dm28c selvagem. Foi realizada, eutanásia dos animais no 3, 5, 10 e 15 DPI (n=5), coleta dos órgãos e extração do DNA, para realização de PCR para kDNA. A parasitemia foi feita pelo método de Pizzi-Brener. A partir do 7 DPI verificamos bioluminescência na cabeça, sendo mais intensa no 14 DPI, relacionada com diversos focos de infecção nas orelhas e focinho do animal. Observamos pela avaliação ex vivo que 60% dos cérebros apresentaram bioluminescência no 7 e 14 DPI, radiância média de 3 x 10 4 , a radiância (photons/sec/cm 2 /sr) é calculada pelo programa Living Image® . 100% dos corações apresentaram bioluminescência, sendo maior no 14 DPI, radiância na faixa de 5 x 10 4 a 3 x 10 5 . O abdômen apresentou intensa bioluminescência, relacionado com alta taxa de infecção nas gônadas, gordura abdominal e intestinos. Os dados do PCR sugerem que o T. cruzi foi capaz de romper a barreira hematoencefálica nos tempos iniciais de infeção, 3 e 5 DPI, apesar da parasitemia subpatente no 3 DPI. Foi possível corroborar os resultados de bioluminescência com o PCR, mostrando que no 14 DPI o cérebro está mais infectado. O sistema de imagem bioluminescente é uma importante ferramenta para os estudos in vivo de avaliação do SNC e de progressão da doença.



Palavras-chaves:  Trypanosoma cruzi, bioluminescência, luciferase, cérebro, in vivo