PERICARDITE POR TUBERCULOSE EM PACIENTE RECÉM DIAGNOSTICADO COM HIV: RELATO DE CASO |
A Pericardite por tuberculose é uma manifestação rara, apresentando prevalência de 1% a 4% dos casos de pericardite, na qual possui maior incidência em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Com apresentação clínica variável e agravante de um sistema imunodeprimido pelo HIV, há maior dificuldade de seu diagnóstico, podendo retardar o início da terapia específica. Nesse estudo relataremos um caso de um paciente do sexo masculino, 31 anos, etilista, procedente do interior de Pernambuco, recém diagnosticado com HIV, fazendo uso irregular de antirretroviral (ARV) com CD4 236 e Carga Viral 144.134, apresentando febre inespecífica, dispneia progressiva, tosse esporádica, miocardiopatia dilatada e a pesquisa de bacilo álcool-ácido-resistente (BAAR) no escarro negativa. Evoluindo com piora do padrão respiratório e picos febris, foi solicitado parecer da infectologia e iniciado tratamento empírico para tuberculose com esquema RHZE (rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol). Evoluiu com piora clinica importante, evidenciado por Ecocariogragia transtorácica (ECOTT), na qual apresentou derrame pericárdico com tamponamento cardíaco. Realizada abordagem cirúrgica de urgência através de Pericardiectomia parcial + Drenagem de mediastino. Parcialmente estável, foi realizada ultrassonografia de tórax, detectando derrame pleural bilateral (D=702 e E=594) sem septações, novo ECOTT com dilatação de AE+ derrame pericárdico moderado e importante, com sinais de constricção, veia cava inferior regurgitada com mínimo colapso. Devido a persistência atenuada do derrame pericárdico identificado na Tomografia de tórax, necessitou de nova abordagem cirúrgica incluindo, Toracoscopia + Pericardiectomia +Toracostomia com drenagem fechada em Hemitoráx Esquerdo e coleta de liquido pericárdico para pesquisa de BAAR + biopsia, que revelaram espessamento difuso de pericárdico, pericardite granulomatosa com presença de BAAR e necrose caseosa . Iniciado tratamento com corticoide por via oral e manutenção de esquema RHZE, levando a cessação da febre e melhora dos sintomas clínicos da paciente, seguindo com orientação de acompanhamento do ARV ambulatorial. Visto que o quadro clínico era inespecífico, a alta suspeição clínica foi fundamental para realização do diagnóstico e indicação do tratamento precoce, evitando a evolução de uma doença potencialmente fatal. |