LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS NOTIFICADOS EM QUATRO REGIONAIS DE SAÚDE DO NORTE DO PARANÁ NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS |
A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma dermatozoonose de notificação compulsória com relevante morbidade. No Brasil a doença em humanos ocorre em todas as faixas etárias e ambos os sexos, entretanto, maiores de 10 anos representam 90% dos casos e o sexo masculino, 74% dos casos. O estado do Paraná responde por 98% dos casos humanos da região Sul do Brasil e por 3% dos casos do país. Este estudo objetivou avaliar os aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais dos casos de leishmaniose tegumentar americana notificados em 89 municípios da região Norte do estado do Paraná entre os anos de 2007-2016. Os dados foram obtidos das fichas de notificação de LTA das 15ª/16ª/17ª/18ª Regionais de Saúde (RS). O programa EpiInfo foi utilizado no cálculo de frequências e produção de gráficos para a descrição dos aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. Os 1451 casos notificados foram utilizados no estudo, 44,4% (641) da 15ªRS, 11,9% (172) da 16ªRS, 24,8% (360) da 17ªRS e 19,1% (276) da 18ªRS. Dos 89 municípios participantes do estudo, 82 (92,1%) tiveram casos notificados no período demonstrando que a região é endêmica para LTA. No período do estudo houve picos de casos em 2008, 2012 e 2015, demonstrando o já conhecido perfil cíclico do agravo em questão. A 16ª RS apresentou pico de casos em 2011 ao invés de 2012. Dentre os pacientes, 69,9% eram do sexo masculino, 95,9% eram maiores de 10 anos. O critério de confirmação da LTA foi laboratorial em 86,3% dos casos e clínico-epidemiológico nos demais, sendo que 22,2% deles foram relatados como importados de um município diferente do de residência. A forma clínica cutânea foi predominante (88,3%), enquanto que 11,7% dos casos foram da forma mucosa. Casos novos corresponderam a 90,8% das notificações, 7,8% recidivas, 92,2% dos casos evoluíram para cura, 3,0% abandonaram o tratamento. Foi notificado óbito por LTA em 0,3% dos indivíduos (4), todos apresentavam a forma mucosa da doença e apresentavam idade acima de 70 anos, nenhum apresentava coinfecção com HIV e um dos casos era recidiva. Em 10,9% (117) dos casos não houve sucesso no tratamento inicial (glucantime), sendo a anfotericina B escolhida como segunda opção em 53,0% (62) desses casos e a pentamidina em 26,5% (31). Coinfecção com HIV foi observada em 0,83% dos casos (12). Estudos epidemiológicos permitem avaliar o perfil dos doentes, estabelecer padrões e desta forma colaborar para que a prevenção seja direcionada e efetiva. |