LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS NOTIFICADOS EM QUATRO REGIONAIS DE SAÚDE DO NORTE DO PARANÁ NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS
ELOIZA TELES CALDART1, FERNANDA PINTO FERREIRA 1, ANAIÁ DA PAIXÃO SEVÁ1, ROBERTA LEMOS FREIRE1, REGINA MISTSUKA-BREGANÓ1, ITALMAR TEODORICO NAVARRO1
1. UEL - Universidade Estadual de Londrina, 2. USP - Universidade de São Paulo
nandaferreiravet@gmail.com

A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma dermatozoonose de notificação compulsória com relevante morbidade. No Brasil a doença em humanos ocorre em todas as faixas etárias e ambos os sexos, entretanto, maiores de 10 anos representam 90% dos casos e o sexo masculino, 74% dos casos. O estado do Paraná responde por 98% dos casos humanos da região Sul do Brasil e por 3% dos casos do país. Este estudo objetivou avaliar os aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais dos casos de leishmaniose tegumentar americana notificados em 89 municípios da região Norte do estado do Paraná entre os anos de 2007-2016. Os dados foram obtidos das fichas de notificação de LTA das 15ª/16ª/17ª/18ª Regionais de Saúde (RS). O programa EpiInfo foi utilizado no cálculo de frequências e produção de gráficos para a descrição dos aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. Os 1451 casos notificados foram utilizados no estudo, 44,4% (641) da 15ªRS, 11,9% (172) da 16ªRS, 24,8% (360) da 17ªRS e 19,1% (276) da 18ªRS. Dos 89 municípios participantes do estudo, 82 (92,1%) tiveram casos notificados no período demonstrando que a região é endêmica para LTA. No período do estudo houve picos de casos em 2008, 2012 e 2015, demonstrando o já conhecido perfil cíclico do agravo em questão. A 16ª RS apresentou pico de casos em 2011 ao invés de 2012. Dentre os pacientes, 69,9% eram do sexo masculino, 95,9% eram maiores de 10 anos. O critério de confirmação da LTA foi laboratorial em 86,3% dos casos e clínico-epidemiológico nos demais, sendo que 22,2% deles foram relatados como importados de um município diferente do de residência. A forma clínica cutânea foi predominante (88,3%), enquanto que 11,7% dos casos foram da forma mucosa. Casos novos corresponderam a 90,8% das notificações, 7,8% recidivas, 92,2% dos casos evoluíram para cura, 3,0% abandonaram o tratamento. Foi notificado óbito por LTA em 0,3% dos indivíduos (4), todos apresentavam a forma mucosa da doença e apresentavam idade acima de 70 anos, nenhum apresentava coinfecção com HIV e um dos casos era recidiva. Em 10,9% (117) dos casos não houve sucesso no tratamento inicial (glucantime), sendo a anfotericina B escolhida como segunda opção em 53,0% (62) desses casos e a pentamidina em 26,5% (31). Coinfecção com HIV foi observada em 0,83% dos casos (12). Estudos epidemiológicos permitem avaliar o perfil dos doentes, estabelecer padrões e desta forma colaborar para que a prevenção seja direcionada e efetiva.



Palavras-chaves:  Leishmania spp, Perfil clínico-epidemiológico, Diagnóstico